domingo, 20 de outubro de 2013

Loucuras de Lorca.

A maquiagem perfeita e o figurino de exaltar os olhos. Os movimentos são perfeitos, as falas, os suspiros e a cada frase dita uma apunhalada no coração. Entre risos e brincadeiras, a realidade fava mais alto.

A história do inseto que se apaixona por uma misteriosa mariposa. Como se fosse real. A morte pelo amor impossível. A morte da alma, a morte de um coração, a morte da vontade de viver...

E como na realidade humana depois de sofrer, perder o coração e morrer por amor, se renasce novo, como uma papoula, uma flor linda e cheirosa.
Nítida a loucura de Lorca e Dali , as feridas abertas o sentimento e o lúdico que escancaram nele o tempo todo, tanto na obra como na vida.


Mas o que mais me comoveu foi o fato de se apaixonar pelo impossível, e com isso me levar a morte do coração.
Misturei a patinha do inseto amarela com os olhos amarelados do meu coração partido.


Uma pontinha de lágrima surgiu, meu coração tremeu.

Das cartas escritas em papéis...

QUERIDO EX AMOR... 

"Antes de tudo, por favor, me perdoe por dessa vez não usar as palavras mais doces ou meu tom de voz mais sóbrio, cansei de desperdiçar-lhes contigo.

Estou aqui para, de uma vez por todas, te dar o teu merecido adeus. Isso. Sem rodeios, floreios, sem mais delongas como você fez sempre tão bem. Estou aqui para dizer que esse é o limite do meu sentimento por você. Esse é o ponto final tão adiado por nós dois.

Hoje acordei mais cedo e fiquei me olhando no espelho, tentando entender porque nossa história não deu certo. Revi minhas falas, ajeitei o cabelo, passei uma água no rosto, coloquei curativo nas feridas. Vi que o culpado sempre foi você. Você e esse seu egoísmo. Esse teu peito inchado, esse teu ego inflado.

Você nunca esteve preparada para receber todo o amor que eu era capaz de dar. Você nunca esteve apta a receber todo o carinho, atenção, dedicação que eu, de forma idiota, me dispus a te oferecer. Você merece, mais uma vez me perdoe, sofrer ou encontrar alguém tão gelada quanto você, para assim aprender que ninguém, isso, ninguém vai te aquecer no calor dos braços, como eu.

Não quero te rogar praga, mas quero que você pague pelo mal que me fez. Quero que você rode o mundo, que beije centenas de bocas, que vá pra cama com dúzias, mas que ao final de cada dia perceba que nenhum deles foi capaz de te amar 1/3 do que eu amei.

Sempre tive os dias muito ocupados. Nem sempre dei conta do turbilhão de problemas que apareciam dentro de mim, ao redor da minha vida, mas sempre me preocupei com tuas noites de sono mal dormidas, tuas farras desregradas aos finais de semana, a bebedeira sem limites, as brigas com os pais e o trabalho que te acorrentava o pescoço. O que você me dava em troca? Migalhas. Como se a gente brincasse de João e Maria, deixando rastros de pão pra um seguir o outro. Pra, como é que você dizia? Eu não me perder de você.

Querida, você nunca teve o controle da situação. Eu, eu sempre fui refém de mim, do meu amor, do que eu sentia, do que eu passava por cima pra te amar. Hoje venho aqui, com esse buquê de rosas e um papel embrulhado, dar-te a sentença que você merece: a solidão. Mas uma solidão recheada de pessoas. Pessoas tão vazias quanto você. Pessoas que bebem para não se afogarem em cima da própria solidão. Pessoas que gastam aos tubos só para manter a mente ocupada e não caírem por si. Para não se enfocarem no próprio brio.

Sempre te amei, sempre fiz questão de dizer que te amava. Você dizia um ‘também’ meio insosso. O também, era por se amar. Disso eu não duvidava. Você se amava mais do que a qualquer outra pessoa. Esse sempre foi o teu problema. Se amar demais. Se achar centro do universo. E agora, olha só. Teu sol não gira mais entorno do teu queixo. Teu sol está partindo para dar luz a outras luas. Cheias, minguantes, minguadas, nascentes, nascidas, eclipses.

Não, não ria nem um riso frouxo, achando que assim como você, eu também perdi muita coisa. Não perdi nada. Você não tem mais nada a me acrescentar, porque você não é capaz de amar alguém, ao ponto de querer preencher os espaços vazios, curar as feridas, ou ser colo, ombro, braço. Você se ama demais para amar alguém.

Nas noites que tiver acompanhada, perceba que você só deseja saciar o teu prazer. Você não se importa em levar alguém às alturas, você quer pisar nas cabeças para chegar lá. Teu beijo, teu toque, tuas mãos, elas não querem ser par, elas querem ser rainhas. Reis. Elas querem o trono, queriam meu corpo como altar, como súdito, como submisso.

Me perdoe por ser tão doce ao ponto de te bater com palavras e ainda assim, te pedir perdão. É que mesmo sabendo ser ruim como tu tão bens me ensinastes, eu nasci pra ser bom. E tu, criatura cheia de si, não consegue ser bom a minha altura. Consegues sim, ser alguém a altura de poucos, dos baixos, dos infames, pérfidos e criaturas mesquinhas com quem se reúnes.

Desejo que seja muito feliz na tentativa fútil de achar alguém que te ame mais do que eu fui capaz de te amar. Desejo-me sorte, principalmente agora que criei coragem para te esbofetear os córneos. Que nos encontremos nas voltas que a vida der, e brindemos àquilo que poderia ter sido lindo, mas as tua feiura bela conseguiu estragar. Estou pegando de volta meu coração nesse momento. Dá-lo-ei a quem souber usar. Tu és incapaz de amar."

(data rabiscada no caderno: 20 de julho de 2012.)

sábado, 19 de outubro de 2013

das chances erradas

VOCÊ RECEBE UMA CHANCE, O QUE VOCÊ FAZ COM ELA?


Lá está ela, saindo depois de algum tempo enclausurada. Se arruma, se maquia, perfume, batom e salto. O salto. E vai, vai pra noite, pra festa com música ruim mas bebida boa. A casa cheia e a mente vazia. Nada lhe agrada. Depois de rodar pelo local quase a noite toda resolve sair, respirar um ar puro.

E a chance está lá...olhando para a máquina fotográfica encostado na parede. Sério, sempre sério. Engole as borboletas que tentam sair pela boca, toma mais um gole de coragem e cambaleia em direção a ele.

Oi!
Oi!

Conversa vai, conversa vem. Mais algumas fotos.

Quer carona?

Um quarto de hotel que não foi reservado. A boa educação que oferece um quarto.

Olhares trocados no corredor e a chance desperdiçada.
O momento que você mais quer, mas não poderia ter aceito. O momento era de recuar e aproveitar a chance.

É, dessa vez a chance era de ser contornada com cuidado, o qual  não pude ter. Foi mais forte...

O cheiro do corpo, o olhar de mistério, alguns drinks a mais. E foi, só foi. Sem volta.

O pedido de silêncio no dia seguinte como se fosse algo errado que tinha acontecido naquele quarto.

E desde aquele dia ainda tento engolir o silêncio, ficou engasgado na minha garganta. Ficou preso dentro do meu peito. E não tem nada que me faça engolir esse "caroço".

Então vem os encontros esporádicos na rua. E o misto do desejo com ódio!


Deveria ter guardado a chance para outro dia...teria aproveitado melhor.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Como se fosse mágica a mesa se fecha. Palavras fluem, ideias, personagem, pessoas, histórias, vidas, amores, bebidas. Enredam-se cabeças pensantes e borbulham a vontade de viver o hoje, sentir o hoje, amar o hoje! Ninguém é melhor do que ninguém, todos os gatos são partos quando os panos se fecham e sentam-se na mesma mesa.

Mata-se a saudade de sabedoria, a saudade de pessoas com o mesmo interior. Arte, como é bom e saudável para a mente e corpo estar rodeada de mentes pensantes e brilhantes.