quarta-feira, 15 de maio de 2013

Das dores que sinto...

Tento ver como se fosse um delicado romance, cheio de paixão mas também de pudor, ainda piso devagar sobre a matéria ardente. Romance tenso, cheio de tristeza e de revolta, de atração pelo risco mas também cheio de fascínio pela beleza.

Eu sempre soube o peso do caminho que me coube atravessar, arrancando do meu corpo um espírito onde dor e palavras se conectam de um modo fatal.

Me sinto um ser exalando algo de sexual, e de solitário também. Apesar de toda volúpia de viver sempre me frustrei, mas nunca desisti de recomeçar. O medo da loucura, do desastre, do fracasso, se agiganta cada vez mais. E procuro extrair dos mergulhos negativos, sentidos novos e vitais.

E bate a vontade de ficar sozinha, o desespero, e renasce um equilíbrio sempre além do comum. É, costuma ser sempre assim, em um tentativa de retrato de nós dois; sempre fica algo de fora da moldura, oculto pela fina linha, reservado para olhos de poucos.

Cansa forçar a memória, buscar fatos muitas vezes esquecidos num cantinho das lembranças. Cansa reviver momentos tristes e a partida de alguém que se amou. O ponto de chegada nunca existe. Por definição, é imperfeito.

A cumplicidade muda e secreta que existia, agora está congestionada. O desejo de viver um grande amor, a busca de uma identidade, continuam.

Pude sentir, que naquele dia algo aconteceu no seu coração, e não parecia nada agradável.

Quando passo por aquela esquina, espio sempre por trás da árvore. E mesmo sem querer, sem perceber claro o que sinto, lembro daquela tarde que me despedi de você, caminhei a noite toda pensando em coisas que nem lembro mais. E penso se não devo, as vezes, fazer o percurso inverso até a sua casa, pra ver se esse sufoco passa. As sombras que crescem devagar sobre a rua quente do verão passado. As sombras, enfim.

Acho engraçado como as pessoas que me conheceram depois de você, não imaginam se quer um fio das dores e traumas que carrego todas as manhãs no meu peito.

Assumo toda a emoção que carrego em mim. Emoção essa que é vertida em alguns momentos em uma rara plenitude de um momento cheio de paz.

Sempre acho um jeito de colocar defeito em todas as pessoas que passam pela minha vida. Não deixo possibilidades nenhuma de roubarem a minha paz. Individualista ao extremo, não deixo que adentrem a porta. Salto fora, soltando farpas por tudo que é lado. Como se uma peça para meu funcionamento estivesse quebrada.

E já me falaram inúmeras vezes que já está na hora de virar a mesa ao invés de só pedir outra dose.

Essa dor precisa ser mexida e remexida pra sair algo de bom. É preciso sangrar para produzir. E é isso que faço cada vez que escrevo sobre você. Sangro.

Esse texto coreografado não faz sentido nenhum, mas conta toda um pós história sobre as minhas verdades.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

das coisas que se repetem.


VOCÊ  foi e sempre vai ser o meu outono. 
Foi e sempre vai ser o final do outono. 

  Aquele que chega de mansinho , quase sem perceber . 
Deixando a temperatura amena, agradável de se deitar, passear, respirar. 
Você sempre será aquele outono, onde aos poucos as tulipas começam a aparecer, e as flores comuns se vão. 
Porque como o outono você não é nada comum.  
Você vem com aqueles cachecóis leves, aquelas roupas gostosas de abraçar. 
E como seus cabelos ficam lindos no outono. 
Te conheci no final do verão, mas foi no outono, debaixo daquela árvore onde as folhas começavam a secar que eu me apaixonei pelos teus olhos verdes, que ficavam cada vez mais verdes com o passar do outono. 

Todas as noites eu ganhava uma flor e um vinho diferente. 
Conhecia  filmes, músicas, desenhos, texturas, gostos e cheiros. 
Durantes os quatro meses de outono eu me apaixonava cada dia mais e mais. 
Me apaixonava pelas folhas secas que caiam, pelas flores que se iam e pelo frio que cada vez aumentava mais. 


Mas como toda estação, você também se foi. 
Teve que partir. 
E eu cega pelas coisas encantadoras de você e do outono não percebi como estava ficando frio e como o final do outono seria duro. 
O outono se foi, você se foi, eu fiquei. 
Colocou seu casaco, arrumou seu cachecol mais quente, colocou as luvas e calçou suas botas. 
Me pegou pela mão e me puxou contra seu casaco de inverno macio, me beijou e disse que precisava partir. 

Como o outono você se foi levando todo o ar ameno e confortável, deixando apenas o inicio do frio. 
O inverno passou, chegaram as flores da primavera e o calor insuportável do verão. 
Quando a temperatura começou a ficar boa, lá estava você, lindo como sempre, me trazendo o outono. 
O melhor do ano e toda aquela coisa que vem com ele. 
Você e todas as coisas lindas do outono são o que fazem meus anos mais felizes. 
Corro pro teu colo e esqueço de todas as temperaturas ruins. 
O outono chegou e seus lindos olhos verdes vieram com ele mais uma vez.