domingo, 17 de julho de 2011

segredovinteeoito.

não que eu tenha medo
não que eu seja insegura,
mas dar minhas mãos as tuas
é só para unir meu corpo no teu
quando andamos pelas avenidas
quando nenhuma cortina encobre
quando a cama são as calçadas
se o teto é qualquer lua
se a morada é qualquer rua
o amor é feito as claras
das mãos se dando, nuas

sexta-feira, 15 de julho de 2011

segredovinteesete.

Digna de uma fã sem tamanho de Caio Fernando Abreu sou apaixonada por cartas. Sempre achei lindo o gesto de sentar e escrever, colocar emoções em linhas, declarações em frases, valem até os bilhetinhos rabiscados, esses pagam um dia feliz. Só que hoje, hoje foi diferente. Hoje eu queria não gostar de cartas. queria odiar quem as inventou. Maldita hora que eu resolvi abrir o ultimo envelope. Fui abrindo os maiores, achando que lá estariam as dores, jura, eram apenas amontoados de papéis em branco..uns tinham rabiscos, outros nada, apenas folhas brancas. Hoje, peguei o ultimo envelope, abri, lá estavam as três malditas palavras quem ferram com a vida de todo mundo. E seguia a maldita música que ela insistia em tocar quando achava que eu estava longe:
Quantas drogas eu ainda vou provar?
E quantas vezes para a porta eu vou olhar?
Quantos carros nessa rua vão passar
Enquanto ela não chegar?
Quantos dias eu ainda vou esperar?
E quantas estrelas eu vou tentar contar?
E quantas luzes na cidade vão se apagar
Enquanto ela não chegar?

Quantas besteiras eu ainda vou pensar?
E quantos sonhos no tempo vão se esfarelar?
Quantas vezes eu vou me criticar
Enquanto ela não chegar?
Eu tenho andado tão sozinho
Que eu nem sei no que acreditar
E a paz que busco agora
Nem a dor vai me negar



E agora que a caixa de pandora foi aberta, não se tem o que fazer!

domingo, 10 de julho de 2011

segredovinteeseis.

Por algum tempo tentei mostrar qualquer sentimento , qualquer faísca de emoção,  mas não tinha sobrado mais nada para mostar. Tudo tinha escorrido pelo ralo do banheiro.  Por alguns  meses me senti bombardeada por todos os cantos, como se a cada passo uma bomba estivesse prestes a explodir. Construi meu "campo de concentração" e fugi do lugar das bombas. Limpei todo campo,  varri cada cantinho, joguei fora todas as tralhas, guardei pequenas coisas que me são úteis e me  fazem bem. Cavei  bem fundo para desenterrar o sentimento que estava muito bem guardado. E o momento em que ele renasceu; limpído, puro, intocado, com olhos de crinça, pureza de um coração que nunca amou; alguma coisa riscou o céu e fulgurou no  meio da rua como um raio. Simples assim, era a disposição de se deixar sentir.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

segredovinteecinco.

Parece sacanagem
você tão na minha
e eu na sua de primeira
brincadeira
te beijar naquela hora
depois ir embora
mesmo querendo ter ficado
e agora não tem jeito
não dá de parar de pensar
de desejar essa pontinha
de felicidade no peito
mesmo que fique só no olhar
olhar e não ter
olhar e querer
olhar e te colocar,
não parar de imaginar
você
na minha...

terça-feira, 5 de julho de 2011

segredovinteequatro.

não escrevo o que sinto porque não posso,
não sinto porque me vigiam,
espero porque sei que pode dar certo,
solto um belo de um sorriso amarelo porque ainda me sobra a memória,
não te procuro porque sinto medo.
e o pior de tu é que acho até que.. é de mim mesma.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

segredovinteetrês.

Eu não estou esperando, nem desesperando nada. Eu to vivendo, do meu jeito torto mas estou. Só quero ser feliz sem machucar ninguém. Me privei por alguns meses a fio, alguns meses que se tornaram anos, anos e meio, me privei dessa tal felicidade que todo mundo fala. Me esquivei da liberdade de sentir-me livre. Me perdi em um labirinto escuro, gelado e úmido, agarrada numa felicidade falsa, numa alegria sem pé nem cabeça. Eu estava lá, até meses atrás. Até o dia que decidi jogar tudo fora e ser livre, te arrancar do meu peito e sorrir. Matar gente morta dói. Meu luto acabou. Hoje.  E nada melhor do que ele, aquele que você sempre odiou Caio F. para descrever um pouco do que se passa aqui dentro:

“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
(Caio Fernando Abreu)