terça-feira, 30 de junho de 2015

Que paixão você tem?




A maioria das pessoas tem sua música favorita, o filme que assiste inúmeras vezes e não cansa, a série que dói toda vez que acaba a temporada, comida que faz salivar, a bebida que enche a boca de saliva. O livro que sabe que um dia vai reler.

Eu sou uma dessas pessoas, que acha um gostinho bom de viver em cada coisa. Um mundo de ideias em uma frase perdida. Escondo as lágrimas quando acaba a temporada da minha série preferida. Corro e aumento o volume do rádio pra dançar toda vez que toca Shakira. Salivo cada vez que peço uma caipira. Dessas pequenas coisas que meus dias se enchem de alegria.

Agora, sinceramente, eu não entendo essas pessoas que nem música preferida tem. Que nunca cantou em alto e bom tom de voz, qualquer música, e lembrou de algo que aconteceu. Que fale cheio de emoção de um filme, uma série ou um livro. Não entendo como não podem ter um ator, autor, músico preferido.

Me passam uma imagem de pessoa vazia, de não ter sentimento. Literalmente um ovo de páscoa barato. Sem assunto, sem conteúdo. O que você falaria com alguém que não tem emoção?

Gosto de olhar para as pessoas que dançam, sem se importar, quando toca aquela música. Gosto de olhar aquela pessoa sentada na cafeteria salivando no seu café todo cheio de parafernálias.  Aquelas pessoas se sorriem com os olhos quando estão lendo, ou sentadas em um por do sol. Aqueles que cheiram a taça de vinho com a alma. Ou que fecham os olhos pra degustar uma cerveja. Aqueles que gemem quando colocam na boca a primeira garfada de seu prato preferido.

 Feche bem os olhos e se imagine sem nenhuma dessas coisas que você pensou enquanto lia...já se imaginou vazio assim? Não, não me conte nada. Apenas não seja essa pessoa.

Mas essa paixão é algo que não se compra. Ou você tem ou você não tem, e nem dá pra pegar emprestado pra devolver depois. Paixão é a capacidade de se sentir vivo, de amar além do seu interior, de quebrar regras.






quarta-feira, 24 de junho de 2015

Um casaco no varal





É no meio da tarde. Não, quase final do dia, já estou saindo do meu trabalho. A noite já está calçando salto altos, vai ser admirada por gente apaixonada, gente que fica tão abosrta na paixão que se quer distingue garfo de faca, noite de dia, sim de não. Enfim, uma dessas deselegâncias que deixam a vida mais palatável. Atualmente gosto de dizer, o gosto é de chá (sem açúcar).


No rádio, naquelas mensagens do dia, falam alguma coisa sobre estar aqui de passagem e sem nome, na janela cheia de mosquitos, o quadrado do céu é um ponto de fuga. Já nem uso relógio pra medir o temo, prefiro o rubor do seu astrolábio, que me faz reconhecer a constelação medindo apenas a distância dos nossos corpos. Nem agenda tenho mais, no lugar fica um apontador em forma de cachorro (fico em duvida se não é uma réplica sua em miniatura). Espaço é de caber na mão, em caixas de papel decorada, que ficam guardadas no fundo do armário quando a gente não fala. Olha, nem preciso tanto de espaço, já que o mundo está tão abarrotado e já começa a ser cuspido pra fora. Muita coisa ainda é sobre você, desde seu livro no criado mudo até meu óculos no travesseiro. Esses objetos, insistem em gritar, mostrando que possuem voz, só pra dizer que você esteve aqui.

Quanto tempo vai demorar pra você voltar? Duas horas? Uma semana? 3 anos? Provavelmente terá taças espalhadas por toda a casa e cheiro de incenso. Resultado da minha tentativa de purificação de você. Acho bonito quando teus olhos ficam ainda mais pequenos no escuro, enrolado em um cachecol. Parece um poema escrito nas entrelinhas do espaço, se movimentando na brisa fria do inverno. Como eu sei? Palpite? Não, eu sei exatamente como você reage quando quer algo. Diabo em carne viva na minha frente. Um vinho em uma mão, um livro em outra, um sorriso de olhos pequenos no rosto.

Por falar nisso, teu livro do Velho Safado está aqui, confesso que não farei o minimo esforço pra devolver, só devolvo mediante pagamento em moedas de garrafas de vinho.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Um grão de poeira no abismo




O início não narrativo do suposto encontro parece apresentar apenas o prazer estético da imagem em si
o que remete claramente apenas olhares. 
Sem nenhuma palavra,  
portanto da mesma importância. 
Fator curioso quando se vê que nem toda conversa precisa de palavras. ...
algo assim como um raio de sol dourado e poeira que esvoaça, 
ou como uma rosa caída na sarjeta...


Estamos diariamente expostos ao imprevisto, belo amigo esse destino.
Que nos destina fatos que não cremos, mas que nos envolve sem reluta. 
Sabe muito bem como chegar, nos envolver e nos tomar. 

Fica o pensar nesses dois olhos abstratos e invisíveis que temos, além dos dois reais-palpáveis. E que são assim: um olho de ver-feio, outro de ver-bonito.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Ódio é uma forma de amor








Quando se quer voltar, só se fala mal do ex. Quando não deseja o retorno só se fala bem do ex. Essa é a principal incoerência do amor.

Porque insistimos em fazer o caminho totalmente oposto à uma volta de namoro: cutuca todas as suspeitas, corre atrás de todas as desconfianças, liberta demônios, deslancha uma parábola de insultos e coloca a tona todos os defeitos da vida do outro. Viva o ódio, sem se dar conta que o ódio ainda é atração. A raiva, rancor só indica que ainda não está resolvido, não aceitou o término, e prossegue discutindo a relação sozinho. Fala todos os defeitos pelos cotovelos, como se fosse uma velha rezando novena. Espalha veneno por onde conseguir. Engana os amigos, familiares e a si mesmo que se quer, quer ver o ex na frente. Camufla-se emocionalmente, o que mais quer na vida, é uma reconciliação.

Já aquele que terminou o relacionamento e  não sofre de recaídas usará seu tempo para conhecer o recente parceiro(a). Dirá que acabou, que foi ótimo, tem boas lembranças e que amadureceu na vida. Sairá leve, pois não guarda nada, inclusive ódio e rancor. Está com a emoção zerada, sem espernear a vida e muito menos xingar o destino. Desejará felicidade ao outro. Quem vê de fora não acredita, os elogios são tantos, mas é uma armadilha: o elogio vem do desapego e da indiferença.

Durante o término, a vaia é de quem ama,  a reverência é de quem desamou. O berro é de quem ama, a fala calma e tranquila é de quem desamou. A fofoca e a calunia é de quem ama, o reconhecimento é de quem desamou. O barraco é de quem ama, a casa com piscina de quem desamou.

No tribunal cardíaco, tudo é o inverso do discurso. O que recusa a retomada da relação é o advogado de defesa. E o promotor, que acusa, é o que estranhamente pretende inocentar a paixão.











sexta-feira, 5 de junho de 2015

Tudo o que sobe, tende a descer





Eu não sei lidar com falta de consideração, não sei ser uma boa pessoa perto de gente que não assume o que faz. Não sei ser tolerante com quem vive brincando com pessoas como se fossem peças de lego, ou que, não haverá consequências.

A gente sabe tanta coisa e mesmo assim, não sabe nada. Humildade não dá pra fingir por muito tempo, uma hora caí, você aparece, as pessoas ao teu redor desaparecem. O tempo passa rápido demais pra viver de aparências e achar que pode usar pessoas por prazer. O tempo urge e não temos mais espaço para ser criança sempre.

Sentir-se pleno e feliz na vida é uma coisa difícil, não impossível. Seja leal aos teus ideias, fiel ás tuas palavras, honre teu nome e das pessoas que te rodeiam.

Não estou ditando nenhuma regra aqui. Peço apenas três coisas, HUMILDADE, LEALDADE, SINCERIDADE. Coloque-as na sua vida da maneira que achar melhor. Mas não seja um babaca descobrindo como elas se encaixam.

"Tenho a impressão de ter me comportado a vida inteira como uma criança brincando na areia da praia, divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o imenso Oceano do Desconhecido jazia logo ali, silencioso, diante de meus olhos". Isaac Newton