segunda-feira, 26 de maio de 2014

máquina do tempo...

Eu poderia ter esperado um pouco mais. Deveria ter seguido meu ritmo lento de comer. Mania de querer apressar as coisas, de querer tudo pra ontem. Acabo atropelando os meus desejos ou não desejos. Confundo querer pra vida toda com felicidade momentânea. Me apego demais a pensamentos de pessoas que se quer fazem parte da minha vida, e enquanto preocupada com o outro lado, o lado de cá faz coisas difíceis de serem revertidas.

Onde tem botão de desliga? Onde tem o botão de voltar um capitulo?
Vagando por aí, encontrei algo que define exatamente meu ponto, não sei de partida, de volta ou de parada.  


Estando



O fio é tênue
Meu equilíbrio  ainda mais
Seguimos
(Seria caso de pausar?)
As ondas lambem a areia com algum tipo de benção que não sou capaz de nominar.
Nem isso...
(Há muitas coisas agora que não sou capaz de nominar).
Pode ser o começo de alguma sabedoria equilibrista?
Sim, pode.
E também pode não.
Dentro da noite, conseqüência do dia, afino entendimentos que quiçá, ninguém mais pensará.
(Juntar fragmentos não deveria vir assim, sem querer. Deveria acontecer somente quando se quer com muita força).
Treino a eventualidade: maestria de poucos.
Vislumbro a sagaz humildade tropeçando.
Cumpro rituais que sei necessários embora não imediatamente prazerosos.
(A areia lambida me olha com um quase desdém e eu respiro compassadamente)
São os mestres da desimportância a te favorecer (sussurra um dos meus outros eus a meu ouvido)
Sim, eu respondo. Sim, eu já sabia.
(O que ainda não encontrei de saber é como expirar esse estar tão tênue sobre a linha que não questiona, não faz questão, não escolhe)
Distraidamente a mercê, é para estar por desapego?

quinta-feira, 8 de maio de 2014

das decisões pensadas

Logo eu, estabanada, que sempre dancei conforme o vento balançava. Eu que não criei raízes, que não sei o que herdei. Me deparei com você, e deu vontade de ficar, de sossegar. De colocar a rede, e balançar de onde te enxergue.

a realidade me atravessa
já não posso tardar na resposta
tudo agora me define –
decido o futuro
sem conhecer o fim

o amor será adiado,
outra vez...

Das tantas escolhas, sempre o que menos me dará a possibilidade da dor. Essa escolha sempre é meu caminho, são apenas dois pés em um trilho de trem. Não olho para trás pois não quero ver você piscar os olhos, como se eu fosse voltar pra você quando abri-los. 

Não tem mentiras nem ilusões nesses texto, ele apenas andou conforme minha decisão. 




Desisto antes de conhecer o fim. Não antecipo a dor: evito. Quero apenas o beijo e não os lábios. Quero abraço e não estar nos braços. Quero o que ninguém me rouba. Quero o que não parte. Quero o que não me arde, mas me deixa na febre.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

dos pedidos feitos de olhos fechados...

Todo mundo conhece aquela expressão: Pedia a Deus, rezei para o santo tal, fiz oferenda aos deus. Tudo para alcançar aquele desejo quase impossível. Você junta as mão e leva ao peito, fecha os olhos e encosta o queijo na mãos com a maior devoção que puder. E ali, esquece do mundo, fazendo promessas se o tal sonho se realizar.

O tempo passa, o pedido é esquecido, a vida seguida. Você toma outros rumos, faz outras escolhas e se sente plenamente feliz quando realmente começa a dar certo. Outros amores, outro emprego, outra cidade, outra vida.

Mas tem uma coisa que ninguém pensa enquanto está lá de olhos fechados e mãos cruzadas: E se o seu pedido se realizar fora da hora esperada? Se a sua entidade estiver muito ocupada, com a caixa de email cheia ou pilhas de cartas e telegramas? Se o pombo correio resolver parar no meio do caminho pra tomar um chá?

Você tá lá, seguindo a sua vida, feliz pra caramba. Pensando: finalmente tudo deu certo. E vem o seu desejo, na maior cara de pau, bater na sua porta de madrugada. Sim, porque só aparecer ele não pode, tem que tirar o sono também! Faz o que? Se desesperar já não é solução. Retornar o caminho também não, afinal de contas, não pode apagar as pessoas e fatos que aconteceram enquanto o desejo estava chegando. Mandá-lo embora? Mas você quis tanto isso! Fez até promessas.

São situações que a vida te coloca pra te testar o quão burro você é pra fazer a escolha errada. O quão cego você é pra não perceber o que realmente vai te fazer feliz. Não, não, não a vida não te permite ficar com o desejo e avida que segue. Então você passa dias e dias pensando sem dormir, enquanto isso as duas coisas se perdem e você volta ao ponto inicial.

Realmente eu não sei o que fazer com meu desejo, afinal de contas, ele só veio pela metade.

terça-feira, 6 de maio de 2014

das coisas que poderiam ser diferentes....

E se eu não tivesse saído de casa aos 16 anos, e aprendido que o mundo engana você de uma forma bem cruel, se eu não tivesse aprendido da pior forma possível que todo mundo usa todo mundo, se eu não tivesse aprendido tão cedo que tudo é um jogo de interesses?

E se eu não tivesse voltado pra casa e me calado, se eu não tivesse vivido sozinha por 3 anos, se eu não tivesse começado a namorar tão tarde, se eu tivesse perdoado traição?

Se eu não tivesse mudado de cidade novamente, se eu tivesse voltado pra casa rapidamente?

E se eu tivesse fugido na noite do bosque, se eu não levasse toda aquela  história adiante, se eu não tentasse fugir da minha loucura em outras cidades, se eu não usasse de forma enganosa os sentimentos alheios?

E se eu mudasse meu caminho, e se eu não namorasse aquela menina, e se eu não deixasse dela, e se eu não sumisse em uma noite de carnaval?

E se eu não roubasse o beijo do chapeleiro, e se eu não me entregasse, se eu continuasse com meus medos, se eu não casasse, se meus pais não viajassem na minha história perfeita?

E se eu não separasse, e se eu não tivesse tanta coragem de novas amizades e mudanças, se eu não alugasse aquele apartamento antigo na rua mais linda da cidade, e se de lá eu nunca me mudasse, e se por aquela morena eu me apaixonasse?

E se eu não me aventurasse em outras camas, ideias e corpos, e se eu não voltasse, e se eu não me mudasse de novo?

E se eu tivesse feito tudo isso, se eu não tivesse escrito essa história, se eu não tivesse um passado sombrio e cheio de cicatrizes, se eu não tivesse machucados ainda abertos, se eu não carregasse aquela história de dor pra sempre comigo?

E se eu tivesse esquecido tudo da minha vida, se eu não me tratasse?

E se, se se....e se?

Quem eu seria, onde eu estaria? Teria dormido na sua cama sábado a noite?