terça-feira, 25 de novembro de 2014

Inteligência Afrodisiaca

     
Afrodisíaco: ''Substâncias ou medicamentos que restauram ou aumentam o apetite sexual.''Assim disse o dicionário


 Se as mulheres e homens soubessem o quanto é afrodisíaco ser inteligente. O barato é ser diferente. Vai muito mais além de corpos sarados. De tirar a camisa em câmera lenta pra mostrar o tanquinho. Vai muito mais além do que sair com peitos e bundas de fora. Quilos de maquilagem, pra disfarçar tudo o que lhes falta. Vai muito mais além da testosterona exacerbada.

Inteligência sexy tem a ver com auto confiança, perspicácia. Qualidade muito rara no ser humano atual. Ou você pensa que é fácil? Que todo mundo gosta de uma bunda e um peitoral? Algumas raras pessoas gostam de um perfil psicológico substancioso.


 Acho que poucas coisas nessa vida são mais atraentes que inteligência, senso de humor e uma pitada de sarcasmo. Gosto de quem se diferencia da varonil multidão, De quem desperta meu impulso primitivo racionalmente ativável. Gostoso é ser surpreendida. Gostoso é ser surpreendida, com gostos, sabores, lugares, filmes, livros, texturas, tato.

Sexy é saber o que diz, é acreditar no que defende, é prometer apenas o que pode cumprir. Erótico é saber usar as palavras de forma surpreendente ao pé do ouvido, antes de despir suas roupas. Ser elegante é ser inteligente. Inteligente é como você se porta não só a frente da pessoa, mas principalmente quando não se está perto dela.

Converse sobre qualquer assunto, destile aquela visão critica com toques de acidez e sarcasmo, não mostre seu dentes todos de uma vez.

Atrair é fácil, quero ver manter a atração, isso é mérito dos inteligentes, pois tem autoconfiança e sabem usar o tempo a seu favor. Inteligentes, possuem um certo suspense e desejo por trás de seus olhos de quem tem a tranquilidade intrínseca do que sabe estar fazendo, sem a prepotência dos apressados.

Então, não confunda beleza estética com valor de princípio. O algo a mais não é visível aos olhos, mas perceptível nas entrelinhas. Basta selecionar e se permitir. Esqueça de "ficar bem" e comece a "estar bem". Largue a tribo da mesmice e busque a auto-reflexão.


domingo, 23 de novembro de 2014

O meu sorriso é teu

Não foi pela sua aparência, foi pelo seu jeito. Sério, sorriso tímido, olhar desconfiado. Foram as cervejas diferentes e os beijos no rosto. Foi o jeito que você se mostrou legal, as conversas intermináveis. Foi o empurrão pra frente. Foram os olhos que devolveram meu sorriso. Foram as noites molhadas de cerveja.


Ando tomada por emoções.Essas que ando escondendo, por que não é moderno ter emoções. Não é in sentir, envolver-se.Ficou oult dizer coisas como: "eu gosto de você", "eu quero ficar com você".
É errado ter desejos e carências e dores e suspiros assim, de gente?
Não existe nada mais chique do que sentir. Emocione-se, e seja rei da sua insensatez. Seja nobre, divino, no desconcerto das emoções.  Você consegue?

Sem platonismo, quero que pinte  algo legal, dançar de rosto colado, pegar na mão, ficar a meia luz, desenhar com a ponta dos dedos cada um dos teus traços, ficar de olho molhado só de te ver, de repente, virando a esquina.
Acredito que atras de todo medo, indecisão, as vezes tem coisas bonitas acontecendo bem devagarinho.
Fecho o olho bem forte e vejo as cenas que devolveram meu sorriso. Vejo cada pedacinho teu me fazendo sorrir, assim devagar. E então percebo que todo esse gostar é algo diferente de mim. Que o outro não tem a mesma urgência, crença e a gana de me sentir viva, ou apenas de sentir.

É como você me faz rir, não o riso.

Você que me pega pelos braços
me jogando no meio de uma tempestade
afundando um olhar tão castanho

me toca, acorda os vulcões adormecidos:
eu que adoro me queimar no fogo

me gira, desperta em mim um furacão:
eu que não sei lidar com os ventos,
que perco o ar enquanto te admiro,
eu que já me contento em soltar
no teu pescoço um suspiro.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Uma meia branca e um banco vermelho

Era uma noite de sábado, quente, abafada. Ele deu a ideia de uma cerveja, de ir pra rua. Aquela coisa de conversas, risadas, cervejas e cigarros. Eu, você e todos nos que temos as mesmas ideias. Um banho pra sair, um vestido, meias e um batom vermelho pra sorrir. Ela desceu pra esperar ele se arrumar. Olhou o carro estacionado na frente da casa, ele combinava com as florzinha pequenas azuis claras do jardim. Foi caminhado lentamente, até o carro, a noite estava linda e a rua vazia. Encostou o corpo no capo do carro, pegou um cigarro e percebeu que estava sem fogo. Logo ele chegou, com uma camisa branca de malha e aquela calça cinza que ela adorava.

- Quer fogo moça?
- Quero, o seu.

E em um piscar de olhos ele invade a boca dela com um beijo quente, a ergue e a coloca sentada no capo do carro. Sua mão por baixo do vestido brincava com a renda da meia, enquanto ela se segurava  nele, passava sua mão no cabelo macio dele, enquanto ele beijava seu pescoço. Foi ali mesmo, que se entregaram a uma ardente noite de verão. Em cima do capo azul do carro.

- Me leva pra dentro do carro, quero você inteiro!
- Yeah baby!

A ergueu,ela enroscou suas pernas na cintura dele. Abriu a porta de trás do carro e se jogou. Ele veio com aquela cara de sem vergonha que arrepia da ponta dos pés ate o cabelo dela. Tirou o vestido e sorriu quando viu a meia branca contrastando com o vermelho do banco. Quando a porta do carro bateu, esqueceram o mundo, esqueceram o calor infernal que fazia lá fora. Era só ela, ele e todos nos que gostamos do banco traseiro de um carro.

Foi pele, mãos, cabelos, línguas, gosto, cheiro, fusão. Estranhos, abraços, afeto. Beija. Me entenda, sem vergonha, Loucura, paixão, razão. Intenso, mau-humor, piada. Libertino, te odeio, em brasa, me afaga. Meio avesso, cansaço, charme, carícia. Céu, paraíso, inferno, beleza. As mãos estavam em todos os lugares. Era uma fusão, um vai e vem no ritmo certo. E se encaixavam direitinho no rolar dos corpos. Suspiros, mãos suadas no vidro embaçado. Como se fosse uma marca.

Lá fora sentada no capô do carro, com a perna dele encostada no joelho dela, fumava um cigarro, enquanto seus olhos pequenos e seu sorriso de canto contemplavam as florzinhas do jardim.

No carro tocava Portishead. Agora a noite pode começar.  

terça-feira, 11 de novembro de 2014

das coisas não ditas

Não sei bem certo quando amadureci. Me separei do poema, como a água das cores. Nos repartimos para nos multiplicar. Deixei o carinho nas palavras e a dureza para trás. Uso a razão para não mais ferir ninguém. Não endureci por falta de amor, mas por excesso. Nunca meço o tamanho do beijo. Assim que os lábios se tocam a entrega é de verdade, mesmo que dure alguns segundos. Estou investindo na serenidade que me convidou ao descaso.

Nunca espere de mim o apelo ou o pedido, porque ao contrário da pergunta, sou a resposta. Já estive do outro lado e não quero mais. Quero que venha porque quer vir. Quero que fique porque quer ficar. Se quer se despedir, seja homem e o faça com palavras. Piadas e indiretas não cabem na minha paciência. Não sou mais jovem com tempo para jogos de azar.

Verei o por do sol e desconfiarei ser uma indireta sua atravessando o tempo. Meias palavras, como sempre. Se você não parar exatamente agora, irei me apaixonar. Vou entregar todos os pontos, vou abrir o mais largo sorriso. Mas apenas e somente, se me mostrar ser capaz de acompanhar minha razão. Vou expor meus sintomas. Irei contar o tempo de soltar as palavras certas. Sem cobranças, sem gaiolas, sem prisão.

Quero (sobre)viver a felicidade. Quero contrariar todas as regras que estabeleci e desconfio.Quero descobrir as canções antigas. E a leveza que sempre fui. Antes que se perca esse instante que nos invade. Não te escrevo essas palavras para dizer algo. Escrevo uma história em um blog. Não sei lidar muito bem com sentimentos. Da ultima vez, estraguei tudo. As palavras não encontram descanso na minha garganta. E para não ser rude. Invento uma história. Disse que não estou pronta. Que tenho medo. E que ainda há um passado em mim que não desfaz as malas...não é amor...é apenas o passado.

Gosto das brincadeiras, das implicâncias. Odeio as mentiras e provocações de ciumes. Não é nada demais, é apenas o seu abraço que me deixa encaixar.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

e foi assim que você me beijou

Você pediu um cigarro, mentiu o nome e a idade, confessou o curso que fazia e a cidade. Olhar bêbado e sorriso nenhum. Dei o final do último cigarro e a certeza de que era uma pessoa qualquer, quando dei as costas para ir embora olhei de relance e gostei do seu jeito de fumar. Meu pensamento estava longe, distante, vagava entre conversas e braços tatuados, o seu o meu, o nosso. Não teria cabeça nenhuma, pra conversa nenhuma, sem flerte de meias palavras.
E se não de repente, mas pouco a pouco, o destino coloca você novamente no meu caminho, como aviso, como castigo. A distração permanecia comigo, conversas, tatuagens, distância. Só te (re)conheci pela voz: "- tens um cigarro?" Era você, você e o destino plantados na minha frente. Você olhou, eu olhei, apoiou seu braço sobre meus ombros e eu fique imóvel, uma espia gelada percorreu a ponta do meu pé até o meu cabelo. Sem reciprocidade, sem mais olhares. Sem mais conversa, apenas e somente um silêncio ensurdecedor. Como já disse, meus pensamentos estavam distante, entre uma noite de adeus e um "eu vou voltar", dito na mesma noite em que as tatuagens partiram.
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Confesso que gostei da tua jaqueta de couro, seu jeito sério e como segurava a garrafa de cerveja, as mãos firmes e os dedos longos. Gostei do jeito que você conversava. Mas eu estava séria, sem meu sorriso torto e o piscar de olhos. Eu fiquei esperando acontecer, pela primeira vez, quis esperar. Deixei o agir para o meu passado, não quis decisões precipitadas. E enquanto milhares de histórias, sentimentos e atitudes ficavam no passado, perdi meu presente. E fique olhando você se desfrutar lábios e cabelos no meu presente. Foi indiferente. Como passar em uma vitrine gostar de uma roupa, mas não ter a certeza de uma vontade de comprar. Foi exatamente isso.

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Conversas, séries e histórias. Convites, recusas, deixa pra lá, pedidos de esquecer e um sério: "a gente precisa conversar pessoalmente, certo?". Um 88 bordo brilhando, quatro portas, você e o pensamento de que o carro era mais novo do que eu. Quando coloquei a mão na maçaneta, bati a porta e baixei o vidro, percebi que chega o dia, então, em que não a outro caminho. Chega o dia em que o não caminho é o próprio caminho. Não procurar é encontrar? Falando francamente, não creio que cigarros, jaquetas de couro e carros antigos resolveriam o meu problema.

Subidas, descidas, curvas, lugares, pessoas....árvores, calmaria, silêncio, vento. "- Me explica porque a gente deveria conversar pessoalmente?..." Um suspiro e algumas poucas palavras foram ditas, muitos olhares. Insistência. Não's. Promessas de uma diferença. Assim, amanhã, ou outro dia quem sabe...E tive certeza, devo mesmo estar enlouquecendo. Nesses extremos, perde-se o centro, perde-se a quina da cara e coroa, perde-se o ponto exato. E a voz rouca e um pouco falhada me diz"- E tu acha que já não é tarde pra isso?"


Pouco a pouco, sutilmente, ele foi me puxando pelo cinto, encostou meu corpo no dele, segurou meu cabelo. Mas tudo bem, porque os momentos da vida são feitos de perdas e ganhos. Chega, vem, vai: esse é o ritmo do corpo e da vida. Uns vão e não voltam , outros cruzam a esquina da nossa vida. É assim que as coisas devem ser: sem pressa, sem dor, sem ressentimento. Foi assim que você me beijou pela primeira vez.  


domingo, 2 de novembro de 2014

o meu passado não é meu futuro

Adormeci com a culpa de ser tão ingênua e com questionamentos do tipo: "como eu não previ isso?" - torturei a eu mesmo com muitas perguntas, e talvez (e só dessa vez) tenha mais respostas do que as interrogações insistem. O precioso é isso na maturidade: admitir as culpas, mas não deixar que elas se apoderem. Começamos a perceber o quanto todos os erros e falhas foram nos lapidando para que silenciosamente a brutalidade em nós fosse esmorecendo. 

Há algo maravilhoso em transformar desertos em fontes, porque sem perceber, posso dar água antes que se instaure a sede - se é que me entendem. Esse vazio de preocupação, acumulado pela auto-punição de não ser perfeita, é um bom presságio: um pouco de futuro me mostra a importância do passado.

Ser quem eu sou é uma tarefa árdua, tenho todo um passado, escuro algumas vezes. E poucos entendem e decidem ficar do meu lado, se assustam com meu conhecimento de vida. 

Afinal, eu sei, você sabe: há lugares tão íntimos, tão escuros, tão profundos, que nem o "eu-mais-próprio" tem o hábito de frequentar. Comum é deixar sempre o lado mais ameno, o mais amável, o mais tolerável, o mais pacífico e seguir dando harmonia para as coisas, as pessoas, as situações.