segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O dia que o céu encontrou o mar

Faltam dois meses para o meu casamento. Dois meses pra realizar o que, quase, toda mulher sonha. A igreja simples do interior já está reservada, os lírios, o tapete vermelho, o lencinhos para as pessoas secarem a alegria na hora dos votos. Os votos, que já estão prontos, escrito em um papel de seda. As comidas que eu escolhi com toda delicadeza. Meu vestido sendo bordado as ultimas pedras. O terno dele já está quase pronto, no alfaiate do lado de casa. Ansiedade, essa está um turbilhão.

Começo a ficar impaciente em casa, as horas e os dias parecem não passar, e meu noivo está cada dia mais nervoso e emburrado. Começo a sair com minhas amigas, pra me distrair, tentar esquecer um pouco de tudo o que venho preparando e ansiando. A gente sempre vai pra um barzinho, desses botecos, onde se tem cerveja, caipira e pessoas felizes. Rimos, brincamos, nos divertimos, o que só me deixa triste é que meu futuro marido não querer participar dessa minha distração. Sem noias, sem preocupação.

Tem uma mesa de meninas, sempre sorridentes, sentadas na nossa frente. Elas sempre estão lá, e como em um ritual, quando chegam, cada uma tem seu lugar marcado. Hoje eu sentei em lugar diferente, e uma das meninas da outra mesa, passou a noite sorrindo pra mim. Ela tem um sorriso lindo, cheio de luz, e os olhos azuis da cor do céu.

Passam algumas semanas, tá quase tudo pronto. Lá vamos nós, mesmo bar, mesma caipira, mesmas pessoas, mesma menina dos olhos de céu me encarando.  Na saída do bar recebo um guardanapo com alguns rabiscos, quando entro no carro abro e leio: Teus olhos são da cor do mar. E teu sorriso é uma onda. Deixa eu te conhecer? Fiquei sem chão. Nunca eu tinha recebido um bilhete, um rabisco qualquer. Fiz um sinal e dei carona pra ela. Fomos conversando, contei do meu casamento, e ela sorria. Era uma conversa boa, uma pessoa doce, suave, sentia vontade de não sair de perto dela. Quando cheguei na frente da sua casa, um beijo ela me roubou. Pulou do carro sem dizer nada e foi, olhando pra trás e sorrido.

Passamos a sair, tomar sorvete, ir ao cinema, ver o circo que chegou na cidade, andar de pedalinho no parque. Era uma sensação nova, era algo que eu já não sabia, só sabia que queria ela por perto. Meu noivo estranhava toda a minha felicidade, só não estranhava minha nova amizade.

Chegou o tão sonhado dia, o dia do casamento. Meu cabelo estava pronto, minha maquilagem, os brincos, a liga azul. Quando estava vestindo o vestido, vejo pelo reflexo do espelho os olhos da cor do céu, vem se aproximando lentamente, sussurra no meu ouvido: Deixa o céu encontrar o mar e foge comigo? Meus olhos encheram de lágrimas e continuei a me vestir. Ela se foi, e eu fui em direção a igreja.

No ultimo minuto decidi entrar sozinha, pedi pro meu avô me deixar seguir o meu futuro do meu jeito. Ouvi a música que ele escolheu pra me ver caminhando em sua direção, a porta da igreja abriu. As flores, o tapete, os convidados, tudo como sempre sonhei. Passo por passo, lentamente eu fui entrando. Olhava as pessoas e todas sorriam, algumas com lágrimas nos olhos.

Parei, no meio da igreja e olhei pro meu noivo, não era o sorriso doce e nem os olhos da cor do céu. Num piscar rápido e sem muito o que pensar virei lentamente a minha cabeça para trás, na porta estava ela, em um vestido rodado preto, com o cabelo arrumado, o sorriso de luz e os olhos do céu, ela piscou pra mim com um convite de vem.

Não pensei, dei ás costas ao altar e fui com passo mais rápido em direção à ela. Não olhei para os lados, apenas fui, correndo me joguei nos braços dela: - Céu, leva o mar com você?


Hoje já se passaram seis meses da história da noiva do interior de Minas que fugiu do casamento. Hoje fazem seis meses que o céu encontrou o mar. Hoje fazem seis meses que eu encontrei a felicidade completa.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

desprender de inteligência nem sempre quer dizer que o outro entenda

Quero te dizer que foi uma pena, eu confiar em você, que foi uma pena eu acreditar que você seria diferente. Quero te dizer que você precisa aprender a diferença entre ser livre e ser babaca. Quero te dizer que desprendi meu tempo e sabedoria pra te fazer rir das minhas bobagens, pegar as bagagens que você não aprendeu a dizer adeus, jogar tudo pro alto e te fazer, de uma vez por todas, mesmo que fosse tão complicado, se sentir livre e seguro. Foi uma pena, porque eu pensei que poderia acreditar naquele sorriso sério e nas coisas que você me falava entre uma cerveja, um cigarro e um beijo no rosto. Foi uma pena porque eu queria sair outras vezes com você e muitas vezes te levar pra conhecer lugares que você nunca viu, te apresentar pra cada gente que você não conhecesse, e te agradecer por acreditar que você era bom comigo. Queria te levar pra longe daqui, pra uma terra sem lei, pra uma ilha sem rei, entende? Eu queria te dizer que todo mundo já chorou por ser o que não pode ser um dia, mas acreditei que você não seria isso. Queria te mostrar que eu não seria mais um motivo pra complicar teus sentimentos. E foi uma pena de verdade, porque eu pensava em enganar o porteiro do aeroporto, roubar a chave da torre e te levar pra ver meu pôr-do-sol. Porque eu já estava pronta pra sair de madrugada pra te ver, já estava prestes a perder o sono, a dormir depois das três conversando com você. Foi uma pena, porque eu joguei fora um vinho que comprei esperando você vir me buscar pra sair. Cê sumiu.

Foi uma pena.

Foi uma pena porque eu planejava acreditar que você fosse homem, e que tivesse atitudes diferentes do que essa massa que cresce em geração anêmica de verdades e sinceridades. Esperava que você fosse conversar comigo e te dizer que você, apesar de tudo, foi uma coisa boa que aconteceu nesse ano. Foi uma pena, porque eu queria dormir contigo quando você se sentisse só;

Eu lamento.

Lamento porque nunca escrevi nenhum bilhetinho pra você, senão essa. Porque não nos despedimos direito e até agora, não entendemos o que aconteceu realmente, quem foi que entendeu mal quem. Lamento porque não consegui ver você sendo homem com a camisa que eu arrumei pra você, e porque tive que trocar teu apelido pelo teu nome no meu celular, já não faz mais sentido, porque eu exclui nossa conversa e apaguei as suas fotos. Lamento por que eu esperei você ligar. Você não ligou. Lamento, porque agora você me chamou tarde demais. Quando eu já nem tinha coragem de olhar pra você, quando eu já nem tinha vontade de te receber, quando eu já nem tinha paciência pra ouvir tua voz nem tempo pra te encontrar. Lamento você ter esperado eu ir embora pra me perceber e por você ainda não ter aceito que errou.

Mas agora eu posso te lembrar.


Posso te falar sobre meu novo começo e como me doeu a frustração de descobrir seu caráter. Posso te lembrar daquele momento que eu não consigo esquecer, daquele beijo na testa que você me deu sentado na praça, quase amanhecendo. Posso te ensinar a seguir um só caminho e pode ser aquele que eu segui sozinha quando você disse que não tinha vontade de conversar. Posso te explicar quanto tempo vai durar pra aceitar, e se isso for te acalmar, uma hora a gente cresce e aprende a ser gente. Posso te falar um pouco sobre os meus dias depois daquela despedida por mensagem, te conto, como descobri quem você realmente é. Posso deixar bem claro pra você as coisas pra que você não deixe alguém partir por medo de ser uma pessoa descente porque precisa mostrar aos teus amigos que você é “homem”. E que realmente aprenda o que é ser uma pessoa de verdade e bacana. Desejo o adeus que nunca te dei, e tempo pra pensar antes de falar e fazer coisas que não condizem uma com a outra. Desejo que você goste de alguém de verdade, e que se não for de verdade, que se vire com suas mentiras. Mas se não for ninguém, desejo que fique bem, como fiquei quando você não foi de verdade, e se tornou ninguém. E que não sofra por alguém. Mas se sofrer, lembra do que fui pra você e você não foi nada. Mas se não foi nada, lembra que tive que sorrir quando você foi um completo idiota e infantil na minha frente. E ri ou chora, mas por favor, cresce.  

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Da saudade que vira intolerância

Você vê ela em uma festa, linda sorridente, olho brilhando. Você vê ele, sorriso meio sério, olhos atentos. Olhares se cruzam. Conversas. Ele olha pra baixo, ela meche no cabelo. Bum, começa a paixão. Se falam todo tempo. Mensagens. Fotos. O amor está no ar. Programas a dois, amigos em comum. Saídas pra uma cerveja. E quando percebe estão dividindo a mesma cama, as mesmas histórias. Na hora de tomar banho, são duas toalhas. Cabelo despenteado. Cara de sono recém acordada. Todas aquelas bonitas que o inicio de namoro tem.

As coisas vão mudando. As vontades se diferenciam, As mensagens e fotinhos vão diminuindo. O sonho se transforma. Ele quer outras festas. Ela não sabe como recuperar o que foi se perdendo. O amor não acabou, ele apenas mudou.

Cada um pro seu lado. Começa a saudade. Aquela saudade de saber se ele ainda usa as mesmas roupas. Se ele dirige do mesmo jeito. Fuma o mesmo cigarro e continua tomando a mesma cerveja. Você quer saber se ele tá bem. Mas não tem coragem de perguntar. É então que o desespero começa. Perde a razão. Manda mensagens de madrugada sem sentido, ligações mudas.

A inteligência emocional e racional se perdem. Você quer saber das novas amizades. Quem são aqueles amigos novos que surgem nas fotos. Quer saber mais do quem direito a se perguntar. Eis, então, que surge a idiotice da falta de amor próprio, começam as atitudes infantis e insanas. De querer saber  o que se passa na vida do outro.

O emocional é tão burro e infantil que você começa a pedir para os seus amigos investigarem a vida dos amigos dele. A querer saber quem é a fulaninha que aparece com ele.

Pessoas, não deixem que a falta de amor próprio os tornem mais imaturos que já são. Quando o fim se dá., seja homem ou mulher o suficiente para deixar ir. Indiretas e solicitações de amizades "estranhas" não te trará ninguém de volta. Só te fará parecer mais infantil e idiota.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Não faça jogo, jogue

Todo mundo se transfora, muda, evolui, em qualquer fase, tempo, época da vida.

Quando cansamos do mecanismo que gera confusão, procuramos mudar. E passamos a buscar pela única urgência que vale a pena: Sentir-se confortável. Reorganizamos prioridades, ouvimos, nos abrimos para a realidade, olhamos.

A estrada tem que ser suave e a conversa boa, as pequenas promessas cumpridas. Despreocupação é diferente de descaso.

De a partida e road movie.

Na sua vida, diferente dos filmes, o motivo da viajem importa sim, seja ela de curto ou longo prazo. E o que mais importa é a jornada, não deixe nehuma das pessoas que passam por sua vida incólume. Revele segredos, fragilidades, desperte potencialidades. Desafie, isso gera amadurecimento nas relações e nos indivíduos com quem convive. Novas pessoas surgem, novos cenários, a cortina cai a cada manhã. Escape da moldura que servem para suas certezas. Permita ser transformado e transforme alguém, para melhor.

Seja humilde, realista: você não pode ficar a vida inteira viajando, ou encenado um papel. Hora ou outra a viajem acaba e a máscara caí.

Abandone os costumes de fazer sempre as mesmas coisas, ir aos mesmos lugares. Seu jeito é apenas o ponto de partida, permanecer sempre inerte é tornar-se objeto de um cenário. Seja diferente, mostre as pessoas ao seu redor que você é especial. Mas cultive, regue a cada dia o pedacinho que te faz diferente da multidão. Não se ache diferente pelas coisas materiais que tem, seja diferente pelo seu caráter, pelas suas atitudes. Seja digno da confiança de quem encontrar nessa viajem.


Não faça jogo, jogue.


domingo, 7 de dezembro de 2014

Cálculos da velocidade real

Uma garrafa de água em uma mão, um cigarro na outra. O corpo já cansado encostado na parede. Fecha os olhos como se tentasse esquecer do mundo, da música, da noite de ontem. O cheiro, aquele perfume. Aquele que ela nunca esquece. Tem medo de abrir os olhos e ver o que não quer. Sente o cheiro do perfume mais perto.
- Hola Strange.
- Hola.
Ela abre os olhos e sorri, leve. Olha bem dentro daquele olhar ver de um dia a hipnotizou. Sorri. Um abraço, desses bons, de matar saudade.
- Perdiste aquí pequeña?
- Não, tomando um ar, uma água. E você?
- En cuanto a usted.
Sorriso. Conversas. Histórias de um tempo que se passou. Mudou e virou outra coisa.
- Vou entrar.
- No, vienes conmigo.
Ele segura firme na mão dela, puxa pra perto e cola seu olhos dentro dos olhos dela.
- Ven?
Ela respira fundo, suspira o perfume que um dia já fez ela ficar de pernas bambas. E é nesse exato momento que ela pensa, escorre uma lágrima do olho e responde:
- Eu iria, se você tivesse outro nome, outro perfume e olhos castanhos.
- Tu sorriso es mi brilho, recuerdas?
- O meu sorriso já tem dono, mesmo que ele não queira.

Ela sabe que tempo e espaço geram velocidade. Mas ela não sabe em que tempo está, quanto espaço tem e nem a que velocidade anda o dono do seu sorriso. Mesmo assim, seca as lágrimas, solta a mão, recolhe seu calçado no chão e vai, andando devagar. Sorrindo.

E é nesse momento que ela aprendeu a calcular os resultado da formula da vida.
Não se pode voltar no tempo e encontrar o espaço. A velocidade é rápida e não deixa rastros.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

As expectativas que criamos

Sabe quando a gente ganha um ovo de páscoa sem surpresa? Ou quando a gente é criança e ganha roupa no aniversário? Quando você ganha um sorvete de duas bolas e na primeira lambida cai no chão?

Quando você coloca sal no café ao invés de açúcar? Quando alguém te chama no whatsapp e não é pra contar uma fofoca? Quando seu celular toca e você vai correndo ver e é da operadora? Sabe quando você marca um encontro e acaba comendo e bebendo sozinha? Quando você pede pra cortar só dois dedinhos, mas não imagina que os dedos da sua cabeleireira seriam tão grandes? Sabe quando você devolve o tchau, mas o aceno não era pra você?

Sabe quando seu planos viram de cabeça para baixo? Quando eles não são o que deveriam parecer?

Sabe aquele papo de expectativas? Aquele de que expectativas não são criadas?

Expectativa - doença cretina- que muita gente tem. Sabe?

Todo mundo tem aquele discurso de: Não crie expectativas, vá devagar.

Pô, eu só pensei que casaríamos em uma igreja em Roma, moraríamos na praia, teríamos três filhos e seríamos felizes para sempre. Como se isso fosse acontecer em um ano. Tá o que tem de mal em projetar isso?

Tem, gente que cria um roteiro pra vida que não existe, com pessoas que nem sabem dessa programação. Tipo aquele papo de: "vem comigo que eu te explico". Explica coisa nenhuma. Ninguém explica nada. Porque não tem dever e obrigação de explicar.

E vem aquela doença crônica chamada expectativa e te faz criar uma vida inteira com uma pessoa que você conheceu ontem.

Cria, alimenta, trata bem a maldita expectativa, para um dia, sema viso prévio, elas irem embora. Assim, plim.

Depositamos confianças, sonhos, sentimentos, em pessoas que achávamos  conhecer, e que se tornaram aquilo que disseram que nunca seriam.

O problema é que esperamos demais, de simples seres humanos normais - cheios de defeitos - esperamos que superem todas as faltas que criamos e levamos conosco durante uma vida toda. E nada, que gentinha mal caráter, né?

O problema todo é de cada um. Nada mais nada menos que isso. Engole o choro.

Quem falou que o bonitão que você cruzou em um bar iria ficar? Quem falou que ele era de verdade? Você, além de estar alimentando expectativas inexistentes, está dando bebidas para elas?

Não haviam promessas, só as suas promessas- feitas por você mesmo, chorando no travesseiro- que incluíram alguém que nem sabia disso. Isso é certamente um insano tiro no pé.

Você se apaixonou por um vidente e quer que ele adivinhe todo o filme que você criou na sua cabeça?

Será que ninguém percebe que só se magoa e se decepciona porque fantasia sobre pessoas que nem conhece direito?

Passamos grande parte da vida achando que os outros nos decepcionaram, mas na verdade fomos nada menos, nada mais que nós. Nós que projetamos sobre as pessoas, e que as vezes não são como gostaríamos que fossem, elas são como são. E são perfeitas do jeito delas, não do seu. Se nem você consegue ser perfeito, porque a outra pessoa seria?

Não espere demais, se possível, nem espere.

Ninguém é responsável pelas suas desilusões, afinal, que culpa a outra pessoa tem de não viver no seu conto de fadas?

Aprendam, você só pode controlar o que depende de você, então controle suas expectativas, seu sonhos, suas fantasias.

Chega de desperdiçar sua vida, seu tempo. Se for pra perder tempo criando expectativas, perca com você.

Ouvi dizer que quando não se espera nada das pessoas, o surpreendente acontece. Já pensou?

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Inteligência Afrodisiaca

     
Afrodisíaco: ''Substâncias ou medicamentos que restauram ou aumentam o apetite sexual.''Assim disse o dicionário


 Se as mulheres e homens soubessem o quanto é afrodisíaco ser inteligente. O barato é ser diferente. Vai muito mais além de corpos sarados. De tirar a camisa em câmera lenta pra mostrar o tanquinho. Vai muito mais além do que sair com peitos e bundas de fora. Quilos de maquilagem, pra disfarçar tudo o que lhes falta. Vai muito mais além da testosterona exacerbada.

Inteligência sexy tem a ver com auto confiança, perspicácia. Qualidade muito rara no ser humano atual. Ou você pensa que é fácil? Que todo mundo gosta de uma bunda e um peitoral? Algumas raras pessoas gostam de um perfil psicológico substancioso.


 Acho que poucas coisas nessa vida são mais atraentes que inteligência, senso de humor e uma pitada de sarcasmo. Gosto de quem se diferencia da varonil multidão, De quem desperta meu impulso primitivo racionalmente ativável. Gostoso é ser surpreendida. Gostoso é ser surpreendida, com gostos, sabores, lugares, filmes, livros, texturas, tato.

Sexy é saber o que diz, é acreditar no que defende, é prometer apenas o que pode cumprir. Erótico é saber usar as palavras de forma surpreendente ao pé do ouvido, antes de despir suas roupas. Ser elegante é ser inteligente. Inteligente é como você se porta não só a frente da pessoa, mas principalmente quando não se está perto dela.

Converse sobre qualquer assunto, destile aquela visão critica com toques de acidez e sarcasmo, não mostre seu dentes todos de uma vez.

Atrair é fácil, quero ver manter a atração, isso é mérito dos inteligentes, pois tem autoconfiança e sabem usar o tempo a seu favor. Inteligentes, possuem um certo suspense e desejo por trás de seus olhos de quem tem a tranquilidade intrínseca do que sabe estar fazendo, sem a prepotência dos apressados.

Então, não confunda beleza estética com valor de princípio. O algo a mais não é visível aos olhos, mas perceptível nas entrelinhas. Basta selecionar e se permitir. Esqueça de "ficar bem" e comece a "estar bem". Largue a tribo da mesmice e busque a auto-reflexão.


domingo, 23 de novembro de 2014

O meu sorriso é teu

Não foi pela sua aparência, foi pelo seu jeito. Sério, sorriso tímido, olhar desconfiado. Foram as cervejas diferentes e os beijos no rosto. Foi o jeito que você se mostrou legal, as conversas intermináveis. Foi o empurrão pra frente. Foram os olhos que devolveram meu sorriso. Foram as noites molhadas de cerveja.


Ando tomada por emoções.Essas que ando escondendo, por que não é moderno ter emoções. Não é in sentir, envolver-se.Ficou oult dizer coisas como: "eu gosto de você", "eu quero ficar com você".
É errado ter desejos e carências e dores e suspiros assim, de gente?
Não existe nada mais chique do que sentir. Emocione-se, e seja rei da sua insensatez. Seja nobre, divino, no desconcerto das emoções.  Você consegue?

Sem platonismo, quero que pinte  algo legal, dançar de rosto colado, pegar na mão, ficar a meia luz, desenhar com a ponta dos dedos cada um dos teus traços, ficar de olho molhado só de te ver, de repente, virando a esquina.
Acredito que atras de todo medo, indecisão, as vezes tem coisas bonitas acontecendo bem devagarinho.
Fecho o olho bem forte e vejo as cenas que devolveram meu sorriso. Vejo cada pedacinho teu me fazendo sorrir, assim devagar. E então percebo que todo esse gostar é algo diferente de mim. Que o outro não tem a mesma urgência, crença e a gana de me sentir viva, ou apenas de sentir.

É como você me faz rir, não o riso.

Você que me pega pelos braços
me jogando no meio de uma tempestade
afundando um olhar tão castanho

me toca, acorda os vulcões adormecidos:
eu que adoro me queimar no fogo

me gira, desperta em mim um furacão:
eu que não sei lidar com os ventos,
que perco o ar enquanto te admiro,
eu que já me contento em soltar
no teu pescoço um suspiro.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Uma meia branca e um banco vermelho

Era uma noite de sábado, quente, abafada. Ele deu a ideia de uma cerveja, de ir pra rua. Aquela coisa de conversas, risadas, cervejas e cigarros. Eu, você e todos nos que temos as mesmas ideias. Um banho pra sair, um vestido, meias e um batom vermelho pra sorrir. Ela desceu pra esperar ele se arrumar. Olhou o carro estacionado na frente da casa, ele combinava com as florzinha pequenas azuis claras do jardim. Foi caminhado lentamente, até o carro, a noite estava linda e a rua vazia. Encostou o corpo no capo do carro, pegou um cigarro e percebeu que estava sem fogo. Logo ele chegou, com uma camisa branca de malha e aquela calça cinza que ela adorava.

- Quer fogo moça?
- Quero, o seu.

E em um piscar de olhos ele invade a boca dela com um beijo quente, a ergue e a coloca sentada no capo do carro. Sua mão por baixo do vestido brincava com a renda da meia, enquanto ela se segurava  nele, passava sua mão no cabelo macio dele, enquanto ele beijava seu pescoço. Foi ali mesmo, que se entregaram a uma ardente noite de verão. Em cima do capo azul do carro.

- Me leva pra dentro do carro, quero você inteiro!
- Yeah baby!

A ergueu,ela enroscou suas pernas na cintura dele. Abriu a porta de trás do carro e se jogou. Ele veio com aquela cara de sem vergonha que arrepia da ponta dos pés ate o cabelo dela. Tirou o vestido e sorriu quando viu a meia branca contrastando com o vermelho do banco. Quando a porta do carro bateu, esqueceram o mundo, esqueceram o calor infernal que fazia lá fora. Era só ela, ele e todos nos que gostamos do banco traseiro de um carro.

Foi pele, mãos, cabelos, línguas, gosto, cheiro, fusão. Estranhos, abraços, afeto. Beija. Me entenda, sem vergonha, Loucura, paixão, razão. Intenso, mau-humor, piada. Libertino, te odeio, em brasa, me afaga. Meio avesso, cansaço, charme, carícia. Céu, paraíso, inferno, beleza. As mãos estavam em todos os lugares. Era uma fusão, um vai e vem no ritmo certo. E se encaixavam direitinho no rolar dos corpos. Suspiros, mãos suadas no vidro embaçado. Como se fosse uma marca.

Lá fora sentada no capô do carro, com a perna dele encostada no joelho dela, fumava um cigarro, enquanto seus olhos pequenos e seu sorriso de canto contemplavam as florzinhas do jardim.

No carro tocava Portishead. Agora a noite pode começar.  

terça-feira, 11 de novembro de 2014

das coisas não ditas

Não sei bem certo quando amadureci. Me separei do poema, como a água das cores. Nos repartimos para nos multiplicar. Deixei o carinho nas palavras e a dureza para trás. Uso a razão para não mais ferir ninguém. Não endureci por falta de amor, mas por excesso. Nunca meço o tamanho do beijo. Assim que os lábios se tocam a entrega é de verdade, mesmo que dure alguns segundos. Estou investindo na serenidade que me convidou ao descaso.

Nunca espere de mim o apelo ou o pedido, porque ao contrário da pergunta, sou a resposta. Já estive do outro lado e não quero mais. Quero que venha porque quer vir. Quero que fique porque quer ficar. Se quer se despedir, seja homem e o faça com palavras. Piadas e indiretas não cabem na minha paciência. Não sou mais jovem com tempo para jogos de azar.

Verei o por do sol e desconfiarei ser uma indireta sua atravessando o tempo. Meias palavras, como sempre. Se você não parar exatamente agora, irei me apaixonar. Vou entregar todos os pontos, vou abrir o mais largo sorriso. Mas apenas e somente, se me mostrar ser capaz de acompanhar minha razão. Vou expor meus sintomas. Irei contar o tempo de soltar as palavras certas. Sem cobranças, sem gaiolas, sem prisão.

Quero (sobre)viver a felicidade. Quero contrariar todas as regras que estabeleci e desconfio.Quero descobrir as canções antigas. E a leveza que sempre fui. Antes que se perca esse instante que nos invade. Não te escrevo essas palavras para dizer algo. Escrevo uma história em um blog. Não sei lidar muito bem com sentimentos. Da ultima vez, estraguei tudo. As palavras não encontram descanso na minha garganta. E para não ser rude. Invento uma história. Disse que não estou pronta. Que tenho medo. E que ainda há um passado em mim que não desfaz as malas...não é amor...é apenas o passado.

Gosto das brincadeiras, das implicâncias. Odeio as mentiras e provocações de ciumes. Não é nada demais, é apenas o seu abraço que me deixa encaixar.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

e foi assim que você me beijou

Você pediu um cigarro, mentiu o nome e a idade, confessou o curso que fazia e a cidade. Olhar bêbado e sorriso nenhum. Dei o final do último cigarro e a certeza de que era uma pessoa qualquer, quando dei as costas para ir embora olhei de relance e gostei do seu jeito de fumar. Meu pensamento estava longe, distante, vagava entre conversas e braços tatuados, o seu o meu, o nosso. Não teria cabeça nenhuma, pra conversa nenhuma, sem flerte de meias palavras.
E se não de repente, mas pouco a pouco, o destino coloca você novamente no meu caminho, como aviso, como castigo. A distração permanecia comigo, conversas, tatuagens, distância. Só te (re)conheci pela voz: "- tens um cigarro?" Era você, você e o destino plantados na minha frente. Você olhou, eu olhei, apoiou seu braço sobre meus ombros e eu fique imóvel, uma espia gelada percorreu a ponta do meu pé até o meu cabelo. Sem reciprocidade, sem mais olhares. Sem mais conversa, apenas e somente um silêncio ensurdecedor. Como já disse, meus pensamentos estavam distante, entre uma noite de adeus e um "eu vou voltar", dito na mesma noite em que as tatuagens partiram.
´
Confesso que gostei da tua jaqueta de couro, seu jeito sério e como segurava a garrafa de cerveja, as mãos firmes e os dedos longos. Gostei do jeito que você conversava. Mas eu estava séria, sem meu sorriso torto e o piscar de olhos. Eu fiquei esperando acontecer, pela primeira vez, quis esperar. Deixei o agir para o meu passado, não quis decisões precipitadas. E enquanto milhares de histórias, sentimentos e atitudes ficavam no passado, perdi meu presente. E fique olhando você se desfrutar lábios e cabelos no meu presente. Foi indiferente. Como passar em uma vitrine gostar de uma roupa, mas não ter a certeza de uma vontade de comprar. Foi exatamente isso.

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Conversas, séries e histórias. Convites, recusas, deixa pra lá, pedidos de esquecer e um sério: "a gente precisa conversar pessoalmente, certo?". Um 88 bordo brilhando, quatro portas, você e o pensamento de que o carro era mais novo do que eu. Quando coloquei a mão na maçaneta, bati a porta e baixei o vidro, percebi que chega o dia, então, em que não a outro caminho. Chega o dia em que o não caminho é o próprio caminho. Não procurar é encontrar? Falando francamente, não creio que cigarros, jaquetas de couro e carros antigos resolveriam o meu problema.

Subidas, descidas, curvas, lugares, pessoas....árvores, calmaria, silêncio, vento. "- Me explica porque a gente deveria conversar pessoalmente?..." Um suspiro e algumas poucas palavras foram ditas, muitos olhares. Insistência. Não's. Promessas de uma diferença. Assim, amanhã, ou outro dia quem sabe...E tive certeza, devo mesmo estar enlouquecendo. Nesses extremos, perde-se o centro, perde-se a quina da cara e coroa, perde-se o ponto exato. E a voz rouca e um pouco falhada me diz"- E tu acha que já não é tarde pra isso?"


Pouco a pouco, sutilmente, ele foi me puxando pelo cinto, encostou meu corpo no dele, segurou meu cabelo. Mas tudo bem, porque os momentos da vida são feitos de perdas e ganhos. Chega, vem, vai: esse é o ritmo do corpo e da vida. Uns vão e não voltam , outros cruzam a esquina da nossa vida. É assim que as coisas devem ser: sem pressa, sem dor, sem ressentimento. Foi assim que você me beijou pela primeira vez.  


domingo, 2 de novembro de 2014

o meu passado não é meu futuro

Adormeci com a culpa de ser tão ingênua e com questionamentos do tipo: "como eu não previ isso?" - torturei a eu mesmo com muitas perguntas, e talvez (e só dessa vez) tenha mais respostas do que as interrogações insistem. O precioso é isso na maturidade: admitir as culpas, mas não deixar que elas se apoderem. Começamos a perceber o quanto todos os erros e falhas foram nos lapidando para que silenciosamente a brutalidade em nós fosse esmorecendo. 

Há algo maravilhoso em transformar desertos em fontes, porque sem perceber, posso dar água antes que se instaure a sede - se é que me entendem. Esse vazio de preocupação, acumulado pela auto-punição de não ser perfeita, é um bom presságio: um pouco de futuro me mostra a importância do passado.

Ser quem eu sou é uma tarefa árdua, tenho todo um passado, escuro algumas vezes. E poucos entendem e decidem ficar do meu lado, se assustam com meu conhecimento de vida. 

Afinal, eu sei, você sabe: há lugares tão íntimos, tão escuros, tão profundos, que nem o "eu-mais-próprio" tem o hábito de frequentar. Comum é deixar sempre o lado mais ameno, o mais amável, o mais tolerável, o mais pacífico e seguir dando harmonia para as coisas, as pessoas, as situações.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Eu tive que amar menos, pra amar o mundo

Nunca estive tão sossegada, tão na minha, tão despreocupada. Não olhos mais as horas e não fico intacta olhando para o celular esperando um toque de mensagem. Passo os dias alegres, sorrindo. A calma invadiu a alma e me sinto leve. 

Reaprendi a gostar de caminhar no vento, reaprendi q ser paciente e viver um dia de cada vez. Reaprendi a guardar o gosto do beijo e o perfume na roupa. Reaprendi a viver com leveza cada segundo dos meus dias. Reaprendi a dividir as felicidades de final de semana, um pouco por cada dia da semana, inesgotável os momentos de alegria. 

Achei meu prumo, meu centro, minha estabilidade. Meu conforto emocional não tem preço. 

Acordo sem sofrimento. Recomeço sem horror. O sono me transportou para lugares lindos, com carros antigos e sorrisos com paixão. Não existe fábula inconclusa. Não tem mais comparação com as coisas ásperas. Não tem mais ferida nos acontecimentos. 

Desfiz a mala de sofrimento e enchi de sorrisos e felicidades. Gosto de dizer que atravessei a vida e do lado de cá tá gostoso de se viver. O mundo inteiro brilha mais, ficou pequeno demais, bobo demais. Esse algo que é, é realmente libertador. Vejo pureza em tudo o que faço, mesmo que seja com pontinhas de ironia e sarcasmo. Eu tive que amar menos, pra amar o mundo. 

Para dor de barriga, erva-doce. Para dor de câncer, morfina. Para dor da culpa, Sigmund Freud. Para dor de choque elétrico, precaução. Para dor de dente, dentista. Para dor da solidão, bossa nova. Para dor nas costas, quiropraxia. Para dor de cotovelo, amor de sogra. Para dor de cabeça, mulher bonita. Para dor na consciência, perdão.
 
E a melhor fórmula para dor de amor? Aceitar de uma vez só que não tem fórmula, injeção, chá, antídoto, xarope, receita de vó, comprimido, remédio ou solução.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Os jovens de hoje transam menos...

As pessoas não se olham mais. Se veem, mas não se olham. Passam corridas e despercebidas umas pelas outras. Acabou o interesse no brilho que olhos tem quando se encontram. Acabou o charme de conquistar apenas piscando o olho esquerdo.

Para onde vão os filmes, dentro da gente, depois que você sai do cinema? Ficam misturados na vida, na emoção, na memória. As pessoas ficam perdidas esperando que uma emoção de cinema aconteça na vida delas...e é onde se perdem os olhares. E fica apenas o se verem.

As novas gerações se gostam menos, transam menos, conversam menos. Perderam o ponto vital, o ponto belo, o ponto vivo. Criaram uma perfeição nas suas cabeças de corpos perfeitos que não existe. Ou vivem em um mundo virtual, onde chat de conversação é mais interessante que corpo a corpo. Assim, transam menos.

Lembrar do passado é perfeitamente humano e natural, mas se você começa a querer que o tempo volte, e fechar-se para o presente, aí começa também o erro de sentir-se errado, começa a cair fundo e sem volta no circulo de frustração.

Porque é se alimentando do novo que o velho consegue deter sua esclerose. Como o novo, que precisa alimentar-se do velho para não permanecer eternamente com aquele gosto ácido de maçã verde.

Então meus jovens velho de 28, 30, 34 até seus 40 anos. Ou achem um velho e transem muito, ou acostume-se com a velocidade do prazer do novo.

No ultimo final de semana, tive certeza: devo mesmo estar enlouquecendo. Do ponto de vista do conforto físico, não havia clima para tolerar, por exemplo dez ou quinze minutos. Ou me da uma hora inteira, ou não me atiça.

Como diria uma amiga minha: “por um miojo, não tiro nem minhas calças”

Nesses extremos, perde-se o centro, perde-se a quina da cara e coroa, perde-se o tempo exato da junção (ou seria da ejaculação). Não, não é pecado apostar no prazer, não é pecado apostar na alegria do corpo.

Não seja bom, não seja ótimo. Seja vivo, vivíssimo. Seja forte, fortésimo. Empurre para frente, de ao outro vontade de viver. E o que ou como vai fazer isso não importa, o que importa são os melhores momentos de viver. Faça de suas noites mais molhadas, mais saborosas, mais intensas.

E quando falo que os jovens de hoje transam menos, não estou falando de quantidade, que isso fique bem claro. Me refiro ao tempo durante o ato mágico do encaixar do corpos.


Então meus queridos, dediquem-se mais ao outro, estudem cada milésimo do corpo do outro. Não se importem apenas em mostrar como seus corpos e músculos estão perfeitos. Ou então, acabarão sendo velhos que transam pouco.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

e foi em direção ao por do sol

Foi estranho saber que você se foi. Não foi triste, foi estranho. Não me senti perdendo nada, nem ganhando. Nem saudade, nem dor. Apenas uma sensação estranha. Aquele saber que não vou mais te ver na rua, nem quando passo na frente do teu trabalho. Sei que não vou mais fugir e me esconder nas madrugadas.

Aprendi mais do que imaginei nesse mês. O respeito com as pessoas. Como não julgar é importante. Que devemos levar a vida com mais leveza, sem mágoas, sem rancor. Que o passado, que todo mundo tem, condena sim. Que ninguém pode fazer o que bem entende e sair impune. Que fazer “jogo-do-contente” não é a melhor maneira de enfrentar e compreender o real. Todo mundo é médico e monstro. A vida também. Você deve sempre tentar ser o médico, mas enfrentar o monstro. Se não, meu bem, ele te devora.

Foi um mês de autoconhecimento, e por extensão inevitável o conhecimento do outro e do mundo do outro, e não foi exatamente um mar de rosas. O combinado, nunca foi cobrado, mas foi cutucado por ambos os lados. Como você disse: “a gente não mora em uma floresta pra viver escondidos no meio do mato”. Nunca tive medo de nada que pudesse ampliar minha consciência. Nem de você. E não foi o proibido que me chamou a atenção. Foi você (animal carnal e brutal) me tratar como mulher “merece” ser tratada. E acho que esse é o único jeito digno de ser. Por isso mesmo, vou dormir em paz.

Metade luz, metade treva. E esse fio de navalha entre os dois, corda bamba afiada onde você, sombrinha aberta na mão, pé ante pé se equilibra. Ou tenta. Sem rede de segurança, mas com um sorriso nos lábios e um grande, enorme e sonoro “fica bem, você já é grandinha”. Quando os homens alegram uns aos outros através de seus sentimentos, isso se manifesta pela boca. Você me fez compreender que nem toda felicidade deve ser demonstrada, que devemos guardar as manifestações de felicidades para os momentos especiais. Assim, não vira rotina-popular.

Na praça movimentada de domingo, teus olhos encontraram outro dia os meus e ficaram cheios de vontades. Por um segundo, os meu- teus-nossos olhos de ver bonito quase correram ao encontro, mas as palavras e passos ficaram engasgados, teríamos que ficar nas palavras de sociedade como sim, sempre, obrigado, que bom, eu também. O acordo de se ver invisível continuou.

Boca na boca, corpo no corpo. A despedida em sussurros. O prêmio de bom comportamento veio da melhor forma possível, sem ser pedido, sem pressão. A calma, a agitação. Tudo de uma maneira certa. Ou como a gente acha que deveria ser. Não vou seguir seus passos. Tracei uma meta e vou segui-la. Apenas vou incluir seus conselhos nela e te levar comigo. Vou levar como um caso de outono.

E o que fica disso tudo é a calmaria. O beijo doce. O perfume marcante. O olhar bravo e sério. O sorriso tímido. O sotaque enrolado. Ficam as lembranças dos meus pés brincando com o cadarço da tua bota, as teorias de vida no banco de trás do carro, os sequestros, o carinho, a única noite de prazer.


Fica o pensar nesses dois olhos abstratos e invisíveis que temos, além dos dois reais-palpáveis. E que são assim: um olho de ver-feio, outro de ver-bonito. E eu vou acabar indo a praia só pra dançar. Vem comigo, o ano tá quase no fim e eu quero é mais.  

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

voar mais alto.

As vezes fico querendo me enlaçar, mas então me lembro como é bonito aqui de cima, aqui onde posso abrir minhas azas e ir pra onde quero. Mas certas noites de frio sinto falta de um par de pés entrelaçados. É uma pena voar sozinha em um céu cheio de coisas lindas pra compartilhar.

Me falam que um dia um pássaro  vai cruzar meu voo. Mas me pergunto: Terá algum pássaro que consiga acompanhar essas azas com ritmo descontrolado?

Precisei colorir meu corpo, pintar meu cabelo, será necessário cruzar o oceano? To pensando em deixar pra trás meu trabalho, travesseiro, amigos e casos. Precisando me afastar de tudo o que eu amo pra me amar. De tudo o que sou pra ser.

Não quero uma vida em plano B.

Já fui, voltei, me amando e sendo mais que nunca. Por isso não fiquei sem jeito ao te encontrar saindo todo errado da sua casa. Só não sei porque você tremeu e engasgou ao me ver. Deve ser a merda toda que anda fazendo por aí.


Desculpa meu bem, iguais a você já cansei.

descanso as palavras
porque, de certa forma,
tenho descansado no amor

já não tenho pressa ou força,
mas a calma me repousa,
estou esperando pouco:
apenas o que mais preciso

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Histórias de lobo

Enquanto arrumo minha cama pra dormir e escuto o barulho da chuva, penso que deveria ter passado a noite com você. Deito na cama, fecho os olhos, respiro fundo e sinto o cheiro do teu perfume. Me vem a mente a lembrança da gente sentados no banco, minha cabeça deitada no teu ombro enquanto tua mão corria do meu cabelo pelas minhas costas, causando um arrepio no corpo e me encaixando em você. Nossos encontros, sempre tão agridoces.

Meus pés brincando com o cordão da tua bota e você enrolando meu cabelo, rindo da forma inacreditável de como ele nunca fica bagunçado. Revira os olhos quando eu peço pra que não corte o cabelo. E sorrindo disse: "deixa eu borrar o teu batom vermelho?" Sentada no teu colo foi o beijo mais quente que eu tive e a frase mais fria: "se acalma menina".  Entre muitas histórias contadas, na duvida do que acreditar, você aprende com quem menos imagina. E enquanto a mão passeia pelas costas, fecho o olho e penso em tudo o que já vivi e acreditava ser certo. Jogo fora as pedras nos bolsos e prefiro usar do bom senso. É inacreditável como sua presença me faz ficar em paz. Você dizendo que sou uma jogadora, que se você ficasse seria diferente, que eu sinto isso porque os nossos sequestros tem dias contados.

Entre risadas e desenhos no vidro do carro, eu me senti feliz.  E o meu pensamento foi pra lá. A tua pele desenhada me faz ver o mundo com outros olhos.

O lobo vira cordeiro quando os olhos brilham. O lobo não se veste de vovó só pra comer a chapeuzinho. O lobo assume todo seu passado e mostra que as pessoas não mudam, mas evoluem. E isso cabe a cada um decidir.

Aprendendo que respeito vem de onde a gente menos espera.

Fecho os olhos e imagino a gente deitado numa cama de lençóis brancos, porque meu corpo encaixa perfeitamente no teu.

sábado, 20 de setembro de 2014

Inteligencia emocional

Esqueci quando foi a ultima vez que chorei por um cara com cara de bolacha.
Graças ao meu terapeuta, aprendi a ser inteligente emocionalmente. E isso é a melhor parte  de sentir-se feliz.
Mostrei a foto de uma amiga para um amigo meu e perguntei: "Você ficaria com ela?" "Claro, ela é gata e gostosa" Virou as costas e saiu. Sem pedir absolutamente nada.

E percebi que nos mulheres, escolhemos os caras errados. Quando apaixonadas, ficamos cegas e burras. E se queremos escolher um cara que não tenha cara de biscoito, devemos nos manter inteligentes.

Uma mulher inteligente sabe, que na morar um cara burro é manter-se em uma prisão. Uma mulher inteligente sabe que se você for a mulher certa e o cara errado vai continuar sendo o homem errado. Uma mulher inteligente sabe que seu namorado canalha, drogado ou babaca não pode ser salvo por seu amor. Uma mulher inteligente sabe que se o passado de um homem diz muito, e que se a ex namorada tentou atropelá-lo você provavelmente desejaria que ele tivesse sido atropelado. Uma mulher inteligente sabe que só pode confiar em um homem que diz "vou tirar" quando ele estiver saindo da vaga de um estacionamento. Uma mulher inteligente sabe, são os sapos que viram príncipes não os cachorros. Uma mulher inteligente sabe que homens sem criatividade conseguem várias garotas com a mesma cantada, Se você acha que com você vai ser diferente, você não está sendo inteligente. Uma mulher inteligente sabe que tem homens que gostam de peito e bunda empinada e respeito caído. Uma mulher inteligente sabe que um homem que sai com muitas mulheres, provávelmente não merece nenhuma delas.


UMA MULHER INTELIGENTE SABE, SE UM HOMEM TE DESPIR COM OS OLHOS, ELE PERDEU A MELHOR PARTE.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Gorda realidade cheia de copos

No outro lado da gorda realidade habitam dragões flamejantes. Nos últimos tempos, dei para dormir e sonhar demais. Mas não consigo ir adiante com esse pensamento. É complexo demais, para as outras cabeças, para mim é simples e satisfatório. E a realidade vai ficando cheia de copos.

Sempre penso no depois da coragem tomada. Sim, já tive coragem de realizar os meus sonhos. Mas quando penso no depois me vem a mente os dragões de donzelas raptadas sem donzelas raptadas. E tudo volta ao ponto da gorda realidade cheia de copos.

Entre poços de sono, colheres de mel e cápsulas de limão, pedaços do sonho e do real. Houve um tempo que aos sábados pela manhã, houvesse sol ou não, tudo o que eu sonhava era um conversível amarelo.

Alguém disse que é para você que escrevo, hipócrita, fã, craque, de raça, transvestindo em minha pele enquanto gozas? Padeço agora de umas sensibilidades e liberdade de que não padecia antes, despreocupações com o tempo, com os sustos que o tempo prega. Mais leve, mais sorridente, mais vida. De repente passaram-se dois anos. Ou três.


Entre dois poços de sono, na mesma cidade da Mulher que vê Dragões, desenha-se a casa do Homem que vê Unicórnios.

Não acredito em tudo o que dizem, mas acredito sempre em sinais.



domingo, 14 de setembro de 2014

filosofias de banco traseiros de carros

Das histórias de banco traseiro de carros. Me perdoem, nem sempre acaba em sexo. Pode acabar em uma noite de descobertas de vida e de pessoas. Vida inteligente na madrugada como diria Serginho.

E numa conversa dessas de banco traseiro eis que surge a história da perda de tesão. E se perder o tesão não tem mais como ficar com a pessoa. E é estranho como, cabum, perdemos o tesão. Quando tudo fica óbvio, a certeza do que vai acontecer, a surpresa se vai e com ela o tesão. Perder o desejo é algo irrevogável, não tem como recuperar.

Bom mesmo é sentir a pele arrepiar e arder com o toque do outro.
Perder a respiração com um simples beijo no pescoço.
Se excitar com uma mensagem boba ou alguma indireta maliciosa.
Sem isso, não tem jogo!
Desculpem-me, mas a filosofia de banco traseiro de carros, me fez ver que inteligência é imprescindível pra ligar o botão do tesão.  

sábado, 13 de setembro de 2014

Astrologia

Se a astrologia fosse idiotice, será que Fernando Pessoa teria sido astrólogo e feito mapa astral de seus Heterônimos?
Alguns chamam de pseudo ciência, outros de religião alternativa. Outros riem. Escapismo. Ilusão. Não vou me esforçar para provar que não é nada disso. O problema é que as pessoas confundem astrologia com horóscopo de jornal e isso é vago demais.

E porque falo de astrologia? é uma coisa intima, que só quem me conhece de verdade sabe o quanto eu gosto e estudo. E como surpresa, no banco traseiro do meu carro, eis que surge esse assunto. Eis que o conteúdo do livro me surpreende e eu me vejo insignificante, por mais uma vez, ter julgado o livro pela capa.
Qualquer coisa, entre o belo e o horrível. Exatamente ali, onde você despertou o meu raio de sol.

Curioso, eu não tenho nada nas mãos, mas tenho na alma. E o mínimo que eu espero, é partilhar meus momentos com alguém que tenha um raio de sol na alma. Mas o que se leva na alma, é tão impalpável, tão invisível, que é sempre como se não se levasse nada. De qualquer forma, deve sempre restar algo nos olhos, assim, fugido, que eu deva aprender a perceber.

E toda essa coisa de astrologia, banco traseiro, pessoas e vícios. Eu descobri que sou uma pessoa de alma incompreendida, e nunca serei uma pessoa de alma vazia. Todas as noites eu me ajoelho no chão e coloco meus braços na cama, oro pra que Deus coloque no meu caminho pessoas de alma igual a minha. Mas ultimamente ele não escuta, e cruzo com pessoas de alma e bem pequena e de peitoral grande.

Mundo, ensine as pessoas que academia engrandece  o corpo, mas que precisam malhar o cérebro e a alma também.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

escrever e não mandar.

Por mim, eu te beijava ali mesmo. Sem pudor, sem medo de câmeras, sem vergonha, sem a ansiedade do segurança vir nos falar para maneirarmos. Nem tô. Eu te quero. Com ou sem esta tua mania de se esconder, e teu medo de não conseguir ser o que tu realmente desejas. Não ligo. Não quero tua carteira, não perco o meu sono esperando o teu diploma, mas bem que eu ando a fim de perder umas noites e sorrir com olheiras no dia seguinte. Já te falei que gamo no teu olhar firme e na tua postura segura? Tu nem sabes como eu ando louca para bagunçar o teu cabelo, te tirar mais cedo da festa, virar tua vida de cabeça para baixo só para te mostrar a paixão de um novo ângulo. E não faz aquela cara de besta, dizendo que ninguém se apaixona assim, do nada, no susto, em um café. Mas ó, pode relaxar. Está tudo sob controle. Estou despretensiosa e convicta: pessoas não se encontram, reencontram-se. Não me peça para explicar o inquestionável, ou mesmo para parar. Não paro; sou boba, me alimento de ilusões. Sou sonhadora, e minha maior vontade nunca foi ser uma Power Ranger ou estudar em Hogwarts. Sempre quis ser alguém amando e jogando baralho com a reciprocidade. Eu digo para a vida que não é pedir muito, ela parece me responder que já é querer demais. Como não sou bom em conquistas, fico à mercê da espontaneidade. Como sou péssima em interpretação, sempre imagino amor onde não tem. Mania desde menina, libriana desde pequena. Teu corpo de quem malha, tua barriga de quem janta, teus dentes perfeitos, teu sorriso bobo, teu sotaque de erre puxado e tua inteligência de quem lê revistas do dentista me fazem ficar aqui, cantando  Bethânia  e escrevendo o que não tenho coragem para te contar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Idealização x Sintonia

O que em absoluto impede nem sequer nubla minha libriana visão crítica, certo?

Por estar tão decadente, o mundo, a sintonia entre corpo e alma deixou de existir. Sobrou apenas a idealização de um ser que não existe. Um ser, não humano, não de carne,não de olhares, não de toques e nem de suor. De revista, photoshopada, talvez.

Entre esse pessoal, que se acha um patamar acima, que nós reles mortais, (quando digo nós, me refiro a pessoas que se detém a sintonia de corpos existentes) é que tudo não passa de uma idealização vazia e sem gosto nenhum. Parecido com pera. Pera: gente que não tem graça, não tem gosto nenhum. Comportadinho, limpinho, inofensivo, tipo alface ou chuchu.

Gosto desse pessoal duma bagaceirice irremediável. De carne e osso, dessa gente suculenta. Que dá vontade de comer quando escuta por entre os lábios qualquer frase que desperte interesse. Que faça pensar e querer saber mais. Pessoas lasanha, que quando você corta e serve, o molho continua escorrendo. Que quando você fecha o olho e escuta palavras saindo da boca faz com que sentido e lógica ganhem novos sentidos quando se fala sem se ver.

Pessoas de verdade, que se entregam a sintonia do vai e vem. Pessoas que sabem que deitados ou de pé, com os corpos colados, não existe diferença. Pessoas que quando você fecha o olho e explode em prazer te transporte para outra dimensão.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Kinder ovo x Doritos

Nem todo mundo é totalmente burro, como nem todo mundo é totalmente inteligente. Pessoas tem conhecimentos diferentes. Conhecimentos que interessam ao seu próprio dia a dia. O que difere um do outro é a busca do conhecimento fora do cotidiano. E é aí que eu me interesso.

Mostre-me as coisas que você conhece e eu não sei, que eu estarei sentada no teu colo em segundos. Mostre interesse pelas coisas que eu tento apresentar. Me questione, me instigue, me faça pensar sobre minha própria tese. Me impulsione em pesquisar sobre teus gostos, sobre teus interesses. Me surpreenda com gostos diferentes, cheiros afrodisíacos, paladares picantes, texturas inusitadas.

Aparência conta muito, sim, no primeiro, segundo, no máximo no terceiro encontro. E depois disso, ficar olhando vagamente um para o outro a noite toda é complicado. Descontração é essencial, ninguém consegue ser sério o tempo todo e ninguém aguenta falar sobre a divida externa eternamente. Mas ficar rindo, falando besteria e tentando descobrir de quantos zeros seus salário é feito, desculpa, me cansa.


Não sendo que, seja, apenas sexo casual. Que é diferente de foda fixa.
Vocês combinam de se ver, trocam meia duzia de palavras tiram a roupa, se beijam, se lambem, se excitam, de quatro, por cima, por baixo, de pé. Gozam. Falam uma ou duas palavras e vão embora. Isso é sexo casual.

A foda fixa, é a pessoa que vai estar aí quando você ou ela quiserem. Mas, em meio ao suor todo, existe a conversa, a conquista puramente carnal. Você quer impressionar, porque ser boa somente no sexo não basta. Ter roupa de marca e o rosto cheio de maquiagem não basta pra quem amadureceu.  A foda é sem compromisso, mas é fixa. Então, somente carne acaba que perdendo o interesse e enjoando. E é aí que fica interessante, porque tem o jogo de sedução intelectual, onde um quer provar pro outro que conhecimento é a chave para terem as roupas no chão.


Chegou a era das pessoas vazias. Do rótulo, do pacote de Doritos cheio de ar. Da coca cola que já vem sem gás e que as vezes tem um rato morto dentro.

Quero pessoas kinder ovo. Que além de serem deliciosas por fora, sempre tem uma surpresa que nos chama a atenção por dentro.





segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Gosto das coisas doces...

Ando difícil, ando torturada. Não tenho tempo, corro o dia todo, acho tudo e todos barulhentos, exaustivos. Movidos por esse horrível sentimento de urgência. 

Ando em busca do silêncio que a cidade, mesmo pequena, não dá. Ando em busca da paz que encontrei uma noite em meio as árvores. Ando em busca da "coisa" que era pra ser uma vez só.

Fico falando baixinho nas madrugadas sem sono: "que adoro ouvir as tuas histórias loucas, a vida até para de girar tão rápido e parece mais bonita"

Agradeço todas as noites por tudo o que alcancei. Agradeço por ter encontrado tantas pessoas na vida. Agradecer é difícil. E a gente precisa aprender, a gente precisa. Aprender a não ser só. 

Gosto de mel, de flor e de azul. Preciso manter a ilusão de que tudo pode ser doce. Preciso acreditar que a vida pode ser doce como as histórias que você me conta. E que em alguma esquina, um dia - por que não? - encontrarei um amor bonito esperando por mim. 

Por trás de todo esse medo, essa angústia, esse susto, perdão de olhos molhados, ter coragem de pegar na mão devagarinho e repetir de verdade, do fundo, sem o menor pudor, sem ânsia alguma:

- Gosto de você. Você existir me ajuda a viver.
 Depois, acreditar que tudo vai dar certo. E deixar que dê o que falar. 

domingo, 31 de agosto de 2014

mudanças.

Pra quem conhece o blog, ele mudou o nome. Já não fazia mais sentido. Contos de Gatos é um nome que vou levar pra sempre. Mas como sou uma pessoa em constante mutação o blog segue meu fluxo.




Já nem sei mais o que pensar e não o faço. Não quero mais sofrer por antecipação. Você é tão desligado e diferente de tudo o que já tive. É alguém que tô aprendendo a conhecer sem pensar em sentimentos. Deixo os dias seguirem o fluxo sem querer prever o que vai acontecer amanhã. Me perco em atitudes, com você eu não sei como agir e nem como reagir. É complicado pisar em terras desconhecidas, ainda mais eu, que gosto de ter controle sobre tudo.

Tô aprendendo a ir devagar e esperar o tempo mostrar a resposta. Tô aprendendo a ser cautelosa e me comportar. Agir como menina, mulher. E aprendendo a não responder meus impulsos.

As vezes no meio do dia me pergunto se eu tô gostando de você, e até agora não soube responder. Talvez porque eu não queira saber. Deixa o vento me mostrar!

domingo, 24 de agosto de 2014

pequenas coisas...

Eu ando vivendo dias lindos, felizes. Eu evolui, cresci. Eu tô me formando. Tô sorrindo.

Fico feliz quando vejo sinceridade e lealdade nos olhos dos meus amigos. Fico feliz de ver como tenho pessoas que realmente amo. Como tenho amigos que são uma luz nos meus dias. Como tenho amigos que me apoiam que me entendem. Que me fazem ser essa pessoa que realmente quero ser.

Mas como a felicidade é apenas um estado de espírito. Um momento. Vem os dias tristes. E hoje acordei melancólica. Eu tenho o dom de pressentir quando o momento triste chega. E sofro por antecipação. Sofre e me consumo em pensamentos obscuros. Mudo da água para um vinho tinto e escuro. Fico ríspida e me afasto.


Hoje resolvi arrumar meu quarto pra não atacar ninguém. Agora tenho mais roupas para doar do que no meu guarda roupa. Me desfiz de todas aquelas roupas com apegos sentimentais. Sentei e chorei.

Agradeço todos os dias por ter um amigo em especial, que é minha versão masculina. Que me entende e me ajuda a pensar..Que me olha nos olhos e sorri como se fosse eu. que me olha nos olhos e diz: relaxa.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Da noite que a culpa foi embora!

Exatamente dois anos e dois meses atras, eu estava sem casa, sem comida, sem dinheiro e sem amor. Me vi perdida sem saber pra onde correr. Agradeço até hoje por ter amigos que me acolheram naquela madrugada fria. Me acolheram e sem pensar me deram casa, comida e amor. Me faziam sorrir todas as noites quando chegava da aula. Me davam força pra não desistir de nada. Foram meus psicólogos, amigos, irmãos. Por mais que hoje estejamos longe, meu coração é de vocês! 

Lembro perfeitamente o dia que pensei ter encontrado meu cantinho. Meu quarto era lindo, tinha um banheiro só meu, uma sacada com porta e janela branca, onde entrava uma brisa suave e o sol que passara iluminar meus dias. Mas só. Não tinha cozinha, sala ou aconchego nas outras dependências do apartamento. Uma das primeiras visitas que recebi foi de uma irmã adotada, uma amiga que se tornou parte da minha vida. Ainda ouço a voz dela dizendo: "Vanessa, agora é hora de viver sem culpa. De fazer e experimentar o que quiser, SEM CULPAS". E assim pensei que isso poderia realmente acontecer. Mera ilusão. Por mais que eu tentasse, a culpa, o medo do julgamento, o passado sempre vinha a tona. Meu quarto foi ficando escuro e frio. Decidi voltar para minhas origens e perder o medo, a sensação de culpa.

Reencontrei amigos e conheci novas pessoas. Todos me deram o aconchego de me reencontrar. De voltar a ser quem eu era. Me aventurei em novos ideais. A culpa continuava. Comecei um tratamento de terapia e psicanalise, a culpa continuava. Não eram erros, não era nada ilegal. Apenas não sabia porque sempre que fazia algo "diferente" acordava com sentimento de culpa e o peito pesava. 

Voltei pra cidade de onde a culpa veio, tentei buscar a cura. Encontrei uma paixão de sotaque engraçado que me fez sentir viva, fez meus olhos brilharem novamente. A culpa continuava. Suguei todas as verdades, os monstros e as coisas boas da cidade. Tomei toda a água da fonte. Não podendo mais matar minha sede com barro, voltei. Eu e meu sentimento de culpa.

Cidade velha, emprego novo, formatura, amizades, leveza e cuidado. Um novo ciclo, uma nova vida, uma nova pessoa e o mesmo sentimento de culpa. Fui vivendo um dia de cada vez, fui tentando fazer a coisa certa. Me sentia feliz, realizada. 

Desapeguei de tudo o que era relacionado ao amor. Tentei um lance mais sério que não deu em nada, faltou amor, verdade e cumplicidade. Costumo dizer que foi paixonite de criança. Bobeira de adolescente. A culpa aumentou um pouco.

Esqueci tudo e todos e fui tentar me reinventar e provar coisas novas.

Sexta feira pela manhã acordei sem culpa, sem o peito apertado. Acordei leve.
Quinta de madrugada foi a noite mais importante desse ciclo de vida. Não foram os beijos, a mão boba, o vidro embaçado ou o que fumamos. Não foi o olhar doce, a mão firme segurando meu cabelo ou os corpos suados. Fiquei esses dias pensando qual foi o fenômeno extraordinário que aconteceu naquela noite pra que meu sentimento de culpa fosse embora pela manhã. Talvez tenha sido as estrelas, o vento, a lua, a natureza. Não sei, não quero saber. A sensação de leveza, paz e harmonia que meu corpo e mente estão, não precisam mais de explicações. Apenas sentir.  

Talvez eu tenha apenas desligado meu passado por umas horas, esqueci de salvar, quando liguei, não tinha mais nada. Talvez eu apenas fechei os olhos e me entreguei. 
Não tenho e nunca terei palavras pra descrever como me sinto agora.


Me perguntaram: " Tu tá apaixonada?"

Não, eu não estou apaixonada, nem querendo amar ninguém. Eu tô livre, leve, solta. Aproveitando as delícias que o destino colocou no meu caminho. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

das cortinhas e lençóis brancos...

- Olá moça dos olhos marrom de pintas!
- Olá moço dos olhos azuis e cabelo bagunçado!
- Gosto de você!
Ela fez uma careta como se não acreditasse. Deu um sorriso desconfiado junto com deboche. Passou a língua em seus lábios vermelho escarlate, fechou os olhos e sentiu uma mão pegando na sua!
- Vem comigo garota, disse ele, sussurrando em seu ouvido.
- Vou, respondeu ela em tom baixo e tímido. Ele fechou os olhos e suspirou quando sentiu o hálito morno no pé do ouvido.
Sem nenhuma palavra, apenas troca de olhares confidentes, foram andando lentamente, como se tivessem todo o tempo do mundo. As mão se apertavam, os lábios sorriam e os olhos ficavam pequenos de tanto desejo de estar um nos braços do outro.
No quarto o beijo foi longo, cheio de caricias de toques de suspiros, de entrega. Os olhos castanhos cruzavam com os azuis claros e mergulhava naquela imensidão misteriosa, encontravam muito mais que desejo, muito mais que paixão. Era uma sintonia perfeita misturada com cumplicidade.
Ela corria os dedos pelos cabelos bagunçados enquanto ele segurava forte seu quadril e a empurrava contra si pelas costas, em um abraço apertado, firme, seguro. Os beijos se misturavam com pequenos sorrisos.
O toque, o despir, o sentir. Cheiros, língua, mão, gostos, braços e abraços. Pele, corpo, arrepio. Tudo em um enlace só. Como se fossem uma unica pessoa, misturaram pele e alma. Os olhos corriam pelo corpo e voltavam a se encontrar, nesse encontro faiscavam.
Um sabia o que o outro queria. O outro conhecia o corpo de olhos fechados. O suor escorria e os dedos passeavam pelos cabelos despenteados.

Ela acordou sentindo a mão passar levemente por suas costas até chegar ao seu quadril, seu corpo deitado sobre o dele encaixava perfeitamente, como se fossem peças de quebra cabeça. Os olhos castanhos se abriram lentamente encontrando os azuis claros sorrindo. Ele segurou o cabelo dela  e envolvendo-a em um abraço a beijou firmemente. Os olhos se desejaram mais uma vez e o desejo ardeu entre os lençóis brancos e a linha de sol que refletia sobre a cama.  

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Como sempre minha vida foi feita de ciclos. E chegou a hora de encerrar mais. Hoje é o grande dia. Dia de seguir adiante ou voltar mais 6 meses. Hoje, apresento meu TCC. O Projeto Final. O tão temido trabalho de um curso inteiro.

Já masquei uma caixa de chiclete, comi uma barra de chocolate, 2 pães de queijo e tomei 1,8 L de chá. Se eu tô nervosa? UM pouco, mas sei que quando chegar a hora eu vou estar ainda mais. Tenho 15 minutos pra falar e minha apresentação tem 12. Isso que eu falo calmamente, mas na hora, sei que comerei metade das palavras. Nervosismo foi uma coisa que nunca soube controlar.

Sempre penso no pior e nas coisas mais absurdas. Como tropeçar no fio, cair em cima da cadeira, derrubar mesa, computador, projetor e tudo mais. Ou começar a tossir e vomitar. Ou então, desmaiar. São coisas absurdas, mas que poderiam sim acontecer comigo.

Sei sim que engordei muito nesse ultimo ano, foi o TCC, foi a vida, a mudança de cidade, as decepções, tudo. As pessoas riem e perguntam como foi que deixei isso acontecer. Eu não sei responder, só sei que estou feliz de verdade. Estou onde realmente deveria estar. Amo meu emprego, minha casa, meu carro e meus amigos. Amo meus pais, amo a Amora! Eu realmente estou feliz. É só um medinho e um frio na barriga me aterrorizando.
Sei também que se eu for aprovada hoje, terei uma acadêmia e treino puxado para entrar no vestido da tão sonhada formatura.
Essa semana fiz o deposito do aluguel do lugar onde vai ser a festa. E quando apanhei o comprovante, pensei, E SE EU NÃO FOR APROVADA? E a banda? O vestido? Os convites? Terei que desmarcar tudo. Tentei não pensar em tudo isso e entrar em colapso nervo.

Farei a apresentação e darei o máximo de mim. Sou um gigante, passei por coisas piores e sai vencedora.
Não será uma banca de três professores e um medo absurdo de não saber o que falar, que fará com que eu perca essa vitória.

Ou então, como diz meu professor: Semestre que vem tem de novo!

sábado, 21 de junho de 2014

las noches que bailan tango

Das coisas que não se tem como esquecer. Dos olhares que são penetrantes. Dos encontros sem querer. Da falta de ar no reencontro.

É em você que penso quando sinto aquele perfume marcante e inesquecível.

É você que me faz lembrar como sou viciada em cheiros, gostos e tatos. É você que me faz lembrar que o suco de laranja faz sentido no café da manhã. Que o banho é infinitamente refrescante as 5h da manhã.


Não é um amor reprimido, não é uma paixão mal resolvida, não uma cicatriz mal curada.


Foi um caso inesquecível. Foi um acaso que me fez renascer e ver que sorrisos ainda existem quando se acorda. Foi um encontro de bar difícil de se encontrar. Foi uma faísca de olhares antes de dizer: Olá!

Que teu sotaque, teu cheiro, teu sorriso e o café da manhã sempre me façam lembrar de que a vida é cheia de sorrisos, de leveza e de se ser quem se é.


Que a vida seja feita de doces reencontros ^^

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Decisões!

A noite começou com uma bomba de que faltam exatamente 20 dias para apresentação do projeto final.O tão sonhado TCC. As três letrinhas que deram um curto no meu cérebro.

 Voltei no bus pensando em como vai ser, se vou conseguir falar tudo o que aprendi e coloquei naquele meu projeto de 80 m². Se vou saber expressar todo amor que tenho por aquele monte de folha difícil de ser dobrada. Se vou saber defender o projeto que por quase um ano foi trabalhado e estudado a fio.

 Das noites mal dormidas. Dos finais de semana sacrificados. Da úlcera e dar dores nas costas. Das consultas feitas pelos colegas e professores via facebook a qualquer hora do dia, noite ou madrugada.

 Por uma hora sentada em um banco de ônibus eu vim me questionando sobre tudo isso.Você chega em casa, a fome já passou e você só quer um bom banho e cama (hoje nada de projetar). Mas como uma mágica cai no seu colo mais alguns probleminhas. As decisões de se tornar gente e ter a casa própria o carro próprio, tudo junto em questão de minutos. São decisões grandes a ser tomadas. Sempre quis meu cantinho, um lugar pra chamar de meu.

 Mas eis que surge mais uma cisco que incomoda o final de um "relacionamento". E quem disse que eu tenho cabeça pra isso? Quem disse que eu tenho cabeça pro tal dia 12 que nunca fez sentido na minha vida. Quando se tratam de emoções eu sou sim extremamente egoísta, acho que já fui altruísta demais. Ou seja, não tenho tempo, idade e sanidade pra lidar com confusões sentimentais alheias. Fui dormir sentindo minha úlcera latejar, me mordi a noite toda, acordando inúmeras vezes durante a pouca madrugada que tenho para dormir. E depois de um sono conturbado, acordo em um Dejavu FDP!


Mas tudo bem, hoje é dia 12 e HOJE TEM COPA SIM

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Quase 30!

Caiu a ficha. Junho. 4 meses e 2 dias. Acordei cedo demais com o barulho do meu mundo caindo na realidade. Logo faço 30. A adolescência se foi faz tempo e eu ainda não havia percebido. Tenho espírito jovem e esse sei que nunca perderei. Mas os erros, as tentativas, as loucuras da "juventude" esses já estão na hora de parar. Vivi como se eu nunca precisasse assumir a idade que realmente tenho. Vivi em uma ilusão. Depois de uma noite em claro, de minuto dormidos, caiu a ficha: chega! Está na hora de assumir realmente em que etapa da minha vida estou. Tenho um bom emprego e moradia que finalmente são estáveis. Preciso mais do que nunca me por no meu lugar. Acordei de consciência pesada por ter atrasado alguns anos da minha vida usando da minha aparência de 20 e poucos anos. Acordei inquieta e com um aperto no peito por não ter me dado conta disso antes.

As pessoas da minha idade já casaram e separaram, já tem filhos.

Está na hora de ser forte. Não ter pressa. Saber onde quero chegar. E chegar.

Já me apaixonei perdidamente. Já me demiti de um emprego chato. Já realizei algumas fantasias. Aprendi a me amar como sou. Já festejei como se o mundo fosse acabar.

Ainda não viajei sozinha. Não reconquistei nenhuma paixão antiga. Não dei uma chance ao meu melhor amigo.


Tive alguns relacionamentos bons e outros nem tanto. Mas não posso me apegar a isso. Preciso "esperar" serena e tranquila. Afinal, não quero desesperar nada e nem ninguém. Chega de ficar por ficar. Chega de ir em festas apenas por ir. É a hora de fazer. É a hora de fazer coisas que acrescentem. Que me façam sorrir no dia seguinte.


Mais do que na hora de por a cabeça no lugar e crescer. É difícil admitir.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Eu sei...eu sei

Eu poderia ter tentado mais? insistido mais? poderia ter fechado o olho e acreditar em uma verdade?
Sim, eu poderia ter feito tudo isso. Mas não seria eu, estaria indo contra todos os princípios que jurei pra mim mesmo nesses últimos 3 anos. Estaria violando a minha própria regra de sobrevivência.

É difícil você achar que está pronta para ter alguém na sua vida e quando tem, perceber o quão enganada está. Não, eu não estou pronta pra ter você na minha vida. Não, eu não estou pronta para ser responsável pelos sentimentos de alguém. Não, eu não estou pronta para dar satisfação do meu paradeiro.

É a velha história clichê: "a pessoa certa na hora errada"

Talvez nem seja isso, talvez seja apenas o motivo de que não era pra ser. Apenas o motivo de não querer, não sentir.
Talvez eu tenha me esforçado pouco. E daí, se eu pouco tentei? Sou eu, é minha essência! E eu não quero mudar. Aprendi a duras custas a me sentir confortável emocionalmente e madura emocionalmente e é isso que eu quero pra minha vida.

Eu não quero mais sentimentos de tentar fazer dar certo. Quero sentimentos de que já deu certo.


E você sabe quando se apaixona, você sabe quando sente.

Eu quero me apaixonar de novo como me apaixonei na rua da frente de uma bar, quando vi aqueles olhos vindo na minha direção. Quero me apaixonar como quando me apaixonei pelos olhos com sotaque estranho que sorriram pra mim. Eu soube na hora, que aquilo era paixão. Mesmo que repentina e com dias contados, foi paixão. E é isso que eu quero. Quero sentir meu coração vibrar e meu olhos pegarem fogo. Eu não quero esperar isso acontecer. Eu quero que a paixão venha antes do raciocínio. Quero que meus pés flutuem sem eu entender porque.

Se for repentino, se for duradouro, eu não quero saber, isso eu resolvo. Mas eu preciso sentir meu coração vibrar.



"Mas sinto que eu te devo sempre alguma explicação. Parece inaceitável a minha decisão. Eu sei.Da primeira vez quem sugeriu, Eu sei, eu sei, fui eu. Da segunda quem fingiu Que não estava ali também fui eu. Mas em toda a história, É nossa obrigação Saber seguir em frente, Seja lá qual direção. Eu sei. Eu fico esperando o dia que você Me aceite como amiga, Ainda vou te convencer.
Eu sei. E te peço, me perdoa, Me desculpa que eu não fui sua namorada, Pois fiquei atordoada, Faltou o ar, Faltou o ar. Me despeço dessa história E concluo: a gente segue a direção Que o nosso próprio coração mandar, E foi pra lá, e foi pra lá. (Tiê) 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

máquina do tempo...

Eu poderia ter esperado um pouco mais. Deveria ter seguido meu ritmo lento de comer. Mania de querer apressar as coisas, de querer tudo pra ontem. Acabo atropelando os meus desejos ou não desejos. Confundo querer pra vida toda com felicidade momentânea. Me apego demais a pensamentos de pessoas que se quer fazem parte da minha vida, e enquanto preocupada com o outro lado, o lado de cá faz coisas difíceis de serem revertidas.

Onde tem botão de desliga? Onde tem o botão de voltar um capitulo?
Vagando por aí, encontrei algo que define exatamente meu ponto, não sei de partida, de volta ou de parada.  


Estando



O fio é tênue
Meu equilíbrio  ainda mais
Seguimos
(Seria caso de pausar?)
As ondas lambem a areia com algum tipo de benção que não sou capaz de nominar.
Nem isso...
(Há muitas coisas agora que não sou capaz de nominar).
Pode ser o começo de alguma sabedoria equilibrista?
Sim, pode.
E também pode não.
Dentro da noite, conseqüência do dia, afino entendimentos que quiçá, ninguém mais pensará.
(Juntar fragmentos não deveria vir assim, sem querer. Deveria acontecer somente quando se quer com muita força).
Treino a eventualidade: maestria de poucos.
Vislumbro a sagaz humildade tropeçando.
Cumpro rituais que sei necessários embora não imediatamente prazerosos.
(A areia lambida me olha com um quase desdém e eu respiro compassadamente)
São os mestres da desimportância a te favorecer (sussurra um dos meus outros eus a meu ouvido)
Sim, eu respondo. Sim, eu já sabia.
(O que ainda não encontrei de saber é como expirar esse estar tão tênue sobre a linha que não questiona, não faz questão, não escolhe)
Distraidamente a mercê, é para estar por desapego?

quinta-feira, 8 de maio de 2014

das decisões pensadas

Logo eu, estabanada, que sempre dancei conforme o vento balançava. Eu que não criei raízes, que não sei o que herdei. Me deparei com você, e deu vontade de ficar, de sossegar. De colocar a rede, e balançar de onde te enxergue.

a realidade me atravessa
já não posso tardar na resposta
tudo agora me define –
decido o futuro
sem conhecer o fim

o amor será adiado,
outra vez...

Das tantas escolhas, sempre o que menos me dará a possibilidade da dor. Essa escolha sempre é meu caminho, são apenas dois pés em um trilho de trem. Não olho para trás pois não quero ver você piscar os olhos, como se eu fosse voltar pra você quando abri-los. 

Não tem mentiras nem ilusões nesses texto, ele apenas andou conforme minha decisão. 




Desisto antes de conhecer o fim. Não antecipo a dor: evito. Quero apenas o beijo e não os lábios. Quero abraço e não estar nos braços. Quero o que ninguém me rouba. Quero o que não parte. Quero o que não me arde, mas me deixa na febre.