quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Onde está meu eu?



Onde está meu cabelo bagunçado? Minhas marcas de sol pela pele? Minhas histórias interessantes pra contar? Será que fiquei parada em um acostamento fazendo manifesto sem voz, bandeira ou qualquer outra coisa?

Eu era difícil de contentar. Preferia aventuras loucas do que um cineminha e jantar. Preferia andar sem rumo com os cabelos ao vento do que ficar sentada em um barzinho pra tomar uma cerveja. Nenhuma festa, dessas baladinhas, me atraia, estava sempre pensando que tinha um lugar cheio de estrelas melhor pra ir. Sempre ralei pra realizar meu sonho e não o sonho dos outros. Colocava meia duzia de coisas em uma mochila e ia. Ralava todos os finais de semana em um mês pra respirar outros ares em um fim de semana.

Sempre tive empregos alternativos que me faziam sentir mais viva. Fotos, filmagens, teatro, produção, make. Não tinha planos e nem endereço fixo. Andava com o fluxo e seguia os desígnios do meu coração. Dançava como se não houvesse amanhã. O sol e a lua regiam meus dias e a vida me ficava alheia a tudo nesse instante. 

Falava o que pensava,não me esforçava pra impressionar ninguém que não fosse eu. Respeitava todo mundo e principalmente a mim. Não me importava quem estava a fim de colocar uma mochila nas costas e seguir. Ficava de saco cheio dessas pessoas cheias de clichê, virava as costas e simplesmente ia embora. 

O que me prende? O que me fez mudar tanto?


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Ser o que não se tem

Sempre me pergunto até quando você pode esconder seu passado. Até quando você pode ser uma pessoa que não é, uma pessoa que não se tem em sua própria existência.

Passou a vida inteira comendo sanduíche de mortadela (não que isso seja ruim, eu como, até hoje) consegue melhorar um pouco de vida ( as custas de namorado, marido, namorido) e começa a arrotar sushi, peixe assado, viagens. Porrããã, cadê toda a sua humildade, cade tua essência?

 Não sou contra aproveitar os momentos que a vida lhe dá. Sou contra perder sua essência, sua naturalidade. Percebes que um dia isso pode acabar? Que um dia vão te largar? E o que você tem? O que você aprendeu?

Nada, pois passou a maior parte do tempo ostentando, ao invés de aprender. Use as oportunidades que á vida lhe dá para crescer intelectualmente, agregue conhecimentos, sabedoria. Não esqueça dos seus amigos de infância, eles sabem de você, te conhecem ou não?

Do que adianta viajar um tanto, comer comidas "refinadas e leves" se sua bobeira pesa cada vez em que abre a boca.

Admiro quem usa da oportunidade pra crescer na vida, pra crescer profissionalmente e intelectualmente. Admiro quem sabe crescer com humildade, respeito e caráter. Agarre e mantenha amizades. Saiba ouvir e aprender.

Tenho pavor de pessoas que andam de focinheira, que enxergam apenas aquela vidinha medíocre, querendo ser o que não é.

Me admiro encontrando pessoas com 17, 19, 20 anos cultivando muito mais sabedoria do que pessoas com 28, 30 e por aí vai.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ilusão de leveza

Me pergunto porque geralmente somos traídos pela ilusão de leveza, numa busca louca por aquilo que se quer sabemos o que é? A busca do: Eu quero, mas nem sei o que.

Não importa a escolha que você fizer, certa ou errada, sempre será refém da consequência. Vivemos entre o peso e a leveza da vida. Nossas escolhas, geralmente feitas pelo que parece certo aos nossos olhos, acaba resultando em um grande peso.

Escolhemos pessoas para amenizar a solidão que é o dia a dia da vida, mas perdemos a solidão que precisamos para nos reencontrar. Escolhemos não nos "envolver" com ninguém para melhor aproveitar a vida, mas perdemos os momentos que poderíamos ter de troca e cumplicidades. Temos a necessidade de conhecer pessoas novas, todos os dias, muitas vezes sem a intensão de duração, mas sequer pensamos que podemos marcar tanto alguém que esse alguém deposite em nós suas possibilidades, e passamos a ser responsável por esses sentimentos.

E me pergunto: Será mesmo que nossas escolhas são exercícios de liberdade? Seríamos nós livres de verdade?

E ainda tem as expectativas que criamos, das palavras que não dizemos, dos sonhos que abandonamos com o passar dos anos, das possibilidades não arriscadas, e o caminho de volta? Buscamos incansavelmente uma leveza que pode nos dar um tapa na cara na primeira esquina, assim que nossa fortaleza é invadida.

Seria a leveza um jeito de encarar a vida descomprometido, gozando de uma liberdade sem raízes? Quando escolhemos estamos assumindo um risco de alcançar a leveza ou de descobrir o arrependimento que pode nos deixar inquietos, pensativos.

Pensando bem, nunca estamos livres do peso, pois a escolha nos leva a ele. O que devemos saber é que a vida não tem caminho de volta. O tempo é pouco. As possibilidades são muitas. Então vivemos, não em busca da leveza, mas para viver. Não faça da intensidade um adjetivo, sim uma condição.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Descomplicando a vida

Ele fica com você e some? Ele te beija de olhos abertos na festa? Telefona em um dia e some na semana? Diz que você é diferente mas saí milhares de outras todas iguais á essa massa redundante? E mesmo assim você escuta uma bateria de samba dentro de você, um bando de borboletas subindo pela garganta em direção a boca? Que mecanismo idiota é esse que faz com que a gente goste justamente de alguém que te ignora?

Isso, não é, coisa de mulher, vale para ambos os sexos. Já vi gente lamber o chão de meninas que ficam fazendo rodeios e joguinhos.

Sou do movimento que venera o que for extremamente fácil, o que não faz jogo o que está apto a viver. Que bom poder curtir na mesma sintonia, na mesma intensidade. Saí pra lá, dificuldade. Uma pena, que o ser humano é extremamente difícil e complicado. Cultivamos no nosso interior um ser que ama masoquismo e se revela nas horas mais impróprias. Temos uma necessidade de desafios, a conquista vale mais que a própria vitória.

Nem se pensa em sair do jogo. A gente não sossega em quanto não fizermos aquele idiota perceber o quanto somos lindas, desejáveis e indispensáveis. Aí, quando ele perceber o que está perdendo, podemos respirar e partir pra outra. Alguns acreditam que sofrer por amor é afrodisíaco. Afrodisíaco, só se for para adolescentes de 17 anos.

E como ninguém estaciona nessa idade (acredito eu), mais tarde, homens e mulheres tendem com a experiência de vida, se valorizar mais e querer ao seu lado aqueles que estão dispostos a viver bons momentos. É claro que a maturidade também tem uma quedinha pelo não disponível, mas a maturidade te impede de dar procedência para essa quedinha. E para simplificar a vida e ser direta, lembre-se meu bem: Quem não te quer, não te merece.