quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Eu tive que amar menos, pra amar o mundo

Nunca estive tão sossegada, tão na minha, tão despreocupada. Não olhos mais as horas e não fico intacta olhando para o celular esperando um toque de mensagem. Passo os dias alegres, sorrindo. A calma invadiu a alma e me sinto leve. 

Reaprendi a gostar de caminhar no vento, reaprendi q ser paciente e viver um dia de cada vez. Reaprendi a guardar o gosto do beijo e o perfume na roupa. Reaprendi a viver com leveza cada segundo dos meus dias. Reaprendi a dividir as felicidades de final de semana, um pouco por cada dia da semana, inesgotável os momentos de alegria. 

Achei meu prumo, meu centro, minha estabilidade. Meu conforto emocional não tem preço. 

Acordo sem sofrimento. Recomeço sem horror. O sono me transportou para lugares lindos, com carros antigos e sorrisos com paixão. Não existe fábula inconclusa. Não tem mais comparação com as coisas ásperas. Não tem mais ferida nos acontecimentos. 

Desfiz a mala de sofrimento e enchi de sorrisos e felicidades. Gosto de dizer que atravessei a vida e do lado de cá tá gostoso de se viver. O mundo inteiro brilha mais, ficou pequeno demais, bobo demais. Esse algo que é, é realmente libertador. Vejo pureza em tudo o que faço, mesmo que seja com pontinhas de ironia e sarcasmo. Eu tive que amar menos, pra amar o mundo. 

Para dor de barriga, erva-doce. Para dor de câncer, morfina. Para dor da culpa, Sigmund Freud. Para dor de choque elétrico, precaução. Para dor de dente, dentista. Para dor da solidão, bossa nova. Para dor nas costas, quiropraxia. Para dor de cotovelo, amor de sogra. Para dor de cabeça, mulher bonita. Para dor na consciência, perdão.
 
E a melhor fórmula para dor de amor? Aceitar de uma vez só que não tem fórmula, injeção, chá, antídoto, xarope, receita de vó, comprimido, remédio ou solução.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Os jovens de hoje transam menos...

As pessoas não se olham mais. Se veem, mas não se olham. Passam corridas e despercebidas umas pelas outras. Acabou o interesse no brilho que olhos tem quando se encontram. Acabou o charme de conquistar apenas piscando o olho esquerdo.

Para onde vão os filmes, dentro da gente, depois que você sai do cinema? Ficam misturados na vida, na emoção, na memória. As pessoas ficam perdidas esperando que uma emoção de cinema aconteça na vida delas...e é onde se perdem os olhares. E fica apenas o se verem.

As novas gerações se gostam menos, transam menos, conversam menos. Perderam o ponto vital, o ponto belo, o ponto vivo. Criaram uma perfeição nas suas cabeças de corpos perfeitos que não existe. Ou vivem em um mundo virtual, onde chat de conversação é mais interessante que corpo a corpo. Assim, transam menos.

Lembrar do passado é perfeitamente humano e natural, mas se você começa a querer que o tempo volte, e fechar-se para o presente, aí começa também o erro de sentir-se errado, começa a cair fundo e sem volta no circulo de frustração.

Porque é se alimentando do novo que o velho consegue deter sua esclerose. Como o novo, que precisa alimentar-se do velho para não permanecer eternamente com aquele gosto ácido de maçã verde.

Então meus jovens velho de 28, 30, 34 até seus 40 anos. Ou achem um velho e transem muito, ou acostume-se com a velocidade do prazer do novo.

No ultimo final de semana, tive certeza: devo mesmo estar enlouquecendo. Do ponto de vista do conforto físico, não havia clima para tolerar, por exemplo dez ou quinze minutos. Ou me da uma hora inteira, ou não me atiça.

Como diria uma amiga minha: “por um miojo, não tiro nem minhas calças”

Nesses extremos, perde-se o centro, perde-se a quina da cara e coroa, perde-se o tempo exato da junção (ou seria da ejaculação). Não, não é pecado apostar no prazer, não é pecado apostar na alegria do corpo.

Não seja bom, não seja ótimo. Seja vivo, vivíssimo. Seja forte, fortésimo. Empurre para frente, de ao outro vontade de viver. E o que ou como vai fazer isso não importa, o que importa são os melhores momentos de viver. Faça de suas noites mais molhadas, mais saborosas, mais intensas.

E quando falo que os jovens de hoje transam menos, não estou falando de quantidade, que isso fique bem claro. Me refiro ao tempo durante o ato mágico do encaixar do corpos.


Então meus queridos, dediquem-se mais ao outro, estudem cada milésimo do corpo do outro. Não se importem apenas em mostrar como seus corpos e músculos estão perfeitos. Ou então, acabarão sendo velhos que transam pouco.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

e foi em direção ao por do sol

Foi estranho saber que você se foi. Não foi triste, foi estranho. Não me senti perdendo nada, nem ganhando. Nem saudade, nem dor. Apenas uma sensação estranha. Aquele saber que não vou mais te ver na rua, nem quando passo na frente do teu trabalho. Sei que não vou mais fugir e me esconder nas madrugadas.

Aprendi mais do que imaginei nesse mês. O respeito com as pessoas. Como não julgar é importante. Que devemos levar a vida com mais leveza, sem mágoas, sem rancor. Que o passado, que todo mundo tem, condena sim. Que ninguém pode fazer o que bem entende e sair impune. Que fazer “jogo-do-contente” não é a melhor maneira de enfrentar e compreender o real. Todo mundo é médico e monstro. A vida também. Você deve sempre tentar ser o médico, mas enfrentar o monstro. Se não, meu bem, ele te devora.

Foi um mês de autoconhecimento, e por extensão inevitável o conhecimento do outro e do mundo do outro, e não foi exatamente um mar de rosas. O combinado, nunca foi cobrado, mas foi cutucado por ambos os lados. Como você disse: “a gente não mora em uma floresta pra viver escondidos no meio do mato”. Nunca tive medo de nada que pudesse ampliar minha consciência. Nem de você. E não foi o proibido que me chamou a atenção. Foi você (animal carnal e brutal) me tratar como mulher “merece” ser tratada. E acho que esse é o único jeito digno de ser. Por isso mesmo, vou dormir em paz.

Metade luz, metade treva. E esse fio de navalha entre os dois, corda bamba afiada onde você, sombrinha aberta na mão, pé ante pé se equilibra. Ou tenta. Sem rede de segurança, mas com um sorriso nos lábios e um grande, enorme e sonoro “fica bem, você já é grandinha”. Quando os homens alegram uns aos outros através de seus sentimentos, isso se manifesta pela boca. Você me fez compreender que nem toda felicidade deve ser demonstrada, que devemos guardar as manifestações de felicidades para os momentos especiais. Assim, não vira rotina-popular.

Na praça movimentada de domingo, teus olhos encontraram outro dia os meus e ficaram cheios de vontades. Por um segundo, os meu- teus-nossos olhos de ver bonito quase correram ao encontro, mas as palavras e passos ficaram engasgados, teríamos que ficar nas palavras de sociedade como sim, sempre, obrigado, que bom, eu também. O acordo de se ver invisível continuou.

Boca na boca, corpo no corpo. A despedida em sussurros. O prêmio de bom comportamento veio da melhor forma possível, sem ser pedido, sem pressão. A calma, a agitação. Tudo de uma maneira certa. Ou como a gente acha que deveria ser. Não vou seguir seus passos. Tracei uma meta e vou segui-la. Apenas vou incluir seus conselhos nela e te levar comigo. Vou levar como um caso de outono.

E o que fica disso tudo é a calmaria. O beijo doce. O perfume marcante. O olhar bravo e sério. O sorriso tímido. O sotaque enrolado. Ficam as lembranças dos meus pés brincando com o cadarço da tua bota, as teorias de vida no banco de trás do carro, os sequestros, o carinho, a única noite de prazer.


Fica o pensar nesses dois olhos abstratos e invisíveis que temos, além dos dois reais-palpáveis. E que são assim: um olho de ver-feio, outro de ver-bonito. E eu vou acabar indo a praia só pra dançar. Vem comigo, o ano tá quase no fim e eu quero é mais.  

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

voar mais alto.

As vezes fico querendo me enlaçar, mas então me lembro como é bonito aqui de cima, aqui onde posso abrir minhas azas e ir pra onde quero. Mas certas noites de frio sinto falta de um par de pés entrelaçados. É uma pena voar sozinha em um céu cheio de coisas lindas pra compartilhar.

Me falam que um dia um pássaro  vai cruzar meu voo. Mas me pergunto: Terá algum pássaro que consiga acompanhar essas azas com ritmo descontrolado?

Precisei colorir meu corpo, pintar meu cabelo, será necessário cruzar o oceano? To pensando em deixar pra trás meu trabalho, travesseiro, amigos e casos. Precisando me afastar de tudo o que eu amo pra me amar. De tudo o que sou pra ser.

Não quero uma vida em plano B.

Já fui, voltei, me amando e sendo mais que nunca. Por isso não fiquei sem jeito ao te encontrar saindo todo errado da sua casa. Só não sei porque você tremeu e engasgou ao me ver. Deve ser a merda toda que anda fazendo por aí.


Desculpa meu bem, iguais a você já cansei.

descanso as palavras
porque, de certa forma,
tenho descansado no amor

já não tenho pressa ou força,
mas a calma me repousa,
estou esperando pouco:
apenas o que mais preciso