segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

das coisas que eu sinto

As pessoas ficam marcadas a ferro com o cancro e independentemente do desfecho, mudam para sempre. Mudanças pequenas quase imperceptíveis mas bem presentes. Eu mudei muito com a doença do meu pai. E sei que isso afastou algumas pessoas, que por vezes deveria voltar ao que era, mas não consigo.

Sinto-me mais intolerante, mais insensível. Não me compadeço facilmente com o mal dos outros. Chateiam-me pessoas que se queixam por dorezinhas. Não consigo animá-las. Não consigo fazer conversa de preocupada.

Mas também sou assim comigo própria. Não consigo lamentar-me como o fazia antes. 

E deixei de conseguir chorar. E tenho saudades de chorar copiosamente (pronto agora é que me chamam maluca). Chorar sempre serviu como um escape. A tensão acumulava e chegava a um ponto em que libertava tudo através das lágrimas e pronto ficava bem e seguia em frente. Era um processo natural. Agora não. 

Há quem diga que sou mais fria. Mas não consigo mudar esta maneira nova de ser. Preocupo-me realmente com as pessoas mas quando os problemas das pessoas me tocam mesmo.


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