segunda-feira, 24 de agosto de 2015

bilhete





Era sábado de manhã, ele acordou se espreguiçando como sempre e sorrindo, abriu seus olhos e viu que ela já havia saído da cama. Tinha cheiro de café e torradas, vento manso entrando pela janela fazendo as cortinas balançarem. Ele levantou foi ao banheiro escovou os dentes, lavou o rosto e mexeu no cabelo.

- Bom dia pequena!
(silêncio)
- Pequena, cê tá aí?
(silêncio)
Andou até a sala, até a cozinha. Ninguém. Café na mesa, água fervendo. Ele sentou, serviu o café e notou um bilhete deixado do lado da xícara.


"Desculpa pelas torradas um pouco queimadas, sei que você não gosta. Também está sem margarina, acabou e a padaria ainda está fechada. Deixei suas roupas no varal. O lixo deve ir pra fora na segunda feira. O gato fugiu novamente, deve voltar ao entardecer.
Eu tive que partir. Nesse ultimo ano eu tolerei sua mania de andar de meias pela casa, de jogar ração pro Churrasco pegar, de comer biscoitos na cama. Sua mania de ficar ranzinzo, do seu ciumes bobo. Tolerei o fato de você usar xadrez, de assistir futebol incansavelmente e dormir no meio. Eu até ria quando você falava mal das minhas novelas. Eu ainda amo suas piadas sem graças, sua barba falhada e seu sorriso sério. Vai ser difícil não ter mais teu cheiro em mim e nem vestir tuas camisas pra fazer o café da manhã.
Mas eu tive que partir, eu já não conseguia mais tolerar o fato de você ser alérgico a mostarda. Você é um gato eu sou um camaleão.
Adeus  Moreno"

Nenhum comentário:

Postar um comentário