segunda-feira, 4 de julho de 2011

segredovinteetrês.

Eu não estou esperando, nem desesperando nada. Eu to vivendo, do meu jeito torto mas estou. Só quero ser feliz sem machucar ninguém. Me privei por alguns meses a fio, alguns meses que se tornaram anos, anos e meio, me privei dessa tal felicidade que todo mundo fala. Me esquivei da liberdade de sentir-me livre. Me perdi em um labirinto escuro, gelado e úmido, agarrada numa felicidade falsa, numa alegria sem pé nem cabeça. Eu estava lá, até meses atrás. Até o dia que decidi jogar tudo fora e ser livre, te arrancar do meu peito e sorrir. Matar gente morta dói. Meu luto acabou. Hoje.  E nada melhor do que ele, aquele que você sempre odiou Caio F. para descrever um pouco do que se passa aqui dentro:

“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
(Caio Fernando Abreu)

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