Seu perfume forte, sua barba por fazer, até parecia um bom rapaz, seus cabelos bagunçados e sua bota surrada, você tinha toda uma poesia em volta dos seus 1,78m, seu sorriso tímido, o cigarro que você fumava, sempre ali, pra quando eu chegasse.
As vezes eu te procuro, você e as casinhas coloridas, já não tomo mais café, viro o olho quando escuto o barulho de uma moto, mas me perco quando vejo que não há sinal de você. O aeroporto estava vazio, as poucas pessoas que estavam lá não se pareciam com balões.
Quando tomo uma cerveja me vem todas as ideias que trocávamos sobre os milhares de jeitos de se fazer uma cerveja digna de ser apreciada. Esses dias eu senti um cheiro, vindo de longe, adivinha? Era você chegando, eu ainda lembro. Era você com um café, era você com aquele isqueiro intocável pra ascender meu cigarro, eu quanto eu tentava fugir do teu olhar.
Caminhamos, pensei em voltar. Voltei com frio, decretei o fim. Não vou mais sentir teu cheiro, nem procurar alguém que ascenda meu cigarro. Eu vou deixar alguém gostar de mim. Você nunca vai deixar de ser sonho, você nunca foi, nem nunca será. Não temos uma foto, um bilhete, o medo é maior.
Você nunca foi.
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