segunda-feira, 16 de maio de 2011

barquinho

Ela ficou presa em uma ilha deserta, sozinha, sem ninguém mais.
Vivia desesperada.
Durante anos fez fogueiras, escreveu na areia, gritou socorro do alto da montanha.
Tentou suicídio, fugir de si mesma, se esconder.
Nada adiantava.
O buraco do peito era maior.
Ficou anos olhando o horizonte, procurando avistar um barquinho qualquer.
Nada.
Tempos depois ela viu, lá no fundo um barquinho vindo.
Desesperou-se, gritou, ateou fogo.
Fez um escarcéu, que não viu a quantidade de barquinhos vindo.
O barco chegou a beira mar.
Ela pulou no barco feito louca, nem pensar direito não pensou.
Deixou as suas poucas coisas na ilha e se mandou sem nenhum ressentimento.
A viajem foi longa. Dias, meses. Em alto mar.
E quando chegou onde queria, se sentiu estranha.
Procurou por todos os lados e nada viu.
Choramingou sozinha.
Ficou em silêncio.
Olhou o barquinho.
E desesperadamente quis voltar e desejar nunca ter entrado no maldito barco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário