segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Amor, eu tô voltando




Vai lá, comece aquele sermão todo que já cansei de escutar. Pode dizer que sou ingrata, que não tenho coração e que só pensei em mim esse tempo todo. Diga que sou sem escrúpulos, que o troquei por uma aventura qualquer ou por um sonho bobo. Tudo bem, eu aguento.
Diga que já me esqueceu, que está bem melhor sem mim, que a vizinha é mais bonita, e que já conheceu tantas outras depois de mim. Que eram menos complicadas, menos mimadas, menos teimosas, que eram melhores do que eu sempre fui.
Diga que nesse tempo todo aconteceu muita coisa na sua vida e que estava tudo bem sem mim.
Que você trocou de emprego, se formou na faculdade, e que eu não estava lá, naquele álbum onde todas as pessoas especiais estavam. Que mudou de cidade e que esses novos ares tem lhe feito pensar muito em relação ao amor.
Diga que as festas sem mim estão melhores e mais divertidas, que os finais de semana sem a minha risada alta tem ajudado na sua ioga. Diga que depois de mim ninguém mais o tira do sério com cantadas bobas nas madrugadas ou mordidas exageradas.
Tudo bem, pode jogar na minha cara todas essas horas, dias, meses, anos distante, afinal já passou um ano e alguns meses desde aquele dia em que resolvi partir. E como você sempre diz, fui sem olhar para trás, levando minha mochila e um coração feito de gelo.
Diga que perdemos tempo graças a mim. Que não me quer de volta, que sua vida é muito mais organizada sem minhas meias espalhadas pela sua casa. Que seu banheiro sem milhares de cabelos pelo chão é uma beleza, seu carro novo sem amassados também.
Que você tem chegado mais cedo no trabalho sem ninguém pra lhe exigir mais 5 minutinhos, que sua produção e criatividade aumentaram sem alguém palpitando nos seus ouvidos. Eu sei.
Diga que sequer lembra do meu beijo, do meu abraço, cheiro ou carinho. Que as meias que esqueci na sua gaveta foram para o lixo no dia em que me fui embora. Que não existe nenhuma foto nossa no seu computador e que aqueles dizeres que escrevi na sua geladeira já não estão mais lá.
Diga que não sente mais nada ao me ver entrando por essa porta, feche seus braços ao invés de acolher meu corpo em meio a eles, segure suas lágrimas e seu sorriso que teimam em escapar sem querer, saia caminhando na direção contrária, fuja novamente se quiser.
Me coloque para fora da sua casa, da sua vida, e tente fazer isso com o coração. Minta pra você mesmo. Diga esse bando de coisas, vai lá.
Só não me deixe partir novamente, nunca mais.
Por Ale Menegaz

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