segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Uma meia branca e um banco vermelho

Era uma noite de sábado, quente, abafada. Ele deu a ideia de uma cerveja, de ir pra rua. Aquela coisa de conversas, risadas, cervejas e cigarros. Eu, você e todos nos que temos as mesmas ideias. Um banho pra sair, um vestido, meias e um batom vermelho pra sorrir. Ela desceu pra esperar ele se arrumar. Olhou o carro estacionado na frente da casa, ele combinava com as florzinha pequenas azuis claras do jardim. Foi caminhado lentamente, até o carro, a noite estava linda e a rua vazia. Encostou o corpo no capo do carro, pegou um cigarro e percebeu que estava sem fogo. Logo ele chegou, com uma camisa branca de malha e aquela calça cinza que ela adorava.

- Quer fogo moça?
- Quero, o seu.

E em um piscar de olhos ele invade a boca dela com um beijo quente, a ergue e a coloca sentada no capo do carro. Sua mão por baixo do vestido brincava com a renda da meia, enquanto ela se segurava  nele, passava sua mão no cabelo macio dele, enquanto ele beijava seu pescoço. Foi ali mesmo, que se entregaram a uma ardente noite de verão. Em cima do capo azul do carro.

- Me leva pra dentro do carro, quero você inteiro!
- Yeah baby!

A ergueu,ela enroscou suas pernas na cintura dele. Abriu a porta de trás do carro e se jogou. Ele veio com aquela cara de sem vergonha que arrepia da ponta dos pés ate o cabelo dela. Tirou o vestido e sorriu quando viu a meia branca contrastando com o vermelho do banco. Quando a porta do carro bateu, esqueceram o mundo, esqueceram o calor infernal que fazia lá fora. Era só ela, ele e todos nos que gostamos do banco traseiro de um carro.

Foi pele, mãos, cabelos, línguas, gosto, cheiro, fusão. Estranhos, abraços, afeto. Beija. Me entenda, sem vergonha, Loucura, paixão, razão. Intenso, mau-humor, piada. Libertino, te odeio, em brasa, me afaga. Meio avesso, cansaço, charme, carícia. Céu, paraíso, inferno, beleza. As mãos estavam em todos os lugares. Era uma fusão, um vai e vem no ritmo certo. E se encaixavam direitinho no rolar dos corpos. Suspiros, mãos suadas no vidro embaçado. Como se fosse uma marca.

Lá fora sentada no capô do carro, com a perna dele encostada no joelho dela, fumava um cigarro, enquanto seus olhos pequenos e seu sorriso de canto contemplavam as florzinhas do jardim.

No carro tocava Portishead. Agora a noite pode começar.  

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