domingo, 2 de novembro de 2014

o meu passado não é meu futuro

Adormeci com a culpa de ser tão ingênua e com questionamentos do tipo: "como eu não previ isso?" - torturei a eu mesmo com muitas perguntas, e talvez (e só dessa vez) tenha mais respostas do que as interrogações insistem. O precioso é isso na maturidade: admitir as culpas, mas não deixar que elas se apoderem. Começamos a perceber o quanto todos os erros e falhas foram nos lapidando para que silenciosamente a brutalidade em nós fosse esmorecendo. 

Há algo maravilhoso em transformar desertos em fontes, porque sem perceber, posso dar água antes que se instaure a sede - se é que me entendem. Esse vazio de preocupação, acumulado pela auto-punição de não ser perfeita, é um bom presságio: um pouco de futuro me mostra a importância do passado.

Ser quem eu sou é uma tarefa árdua, tenho todo um passado, escuro algumas vezes. E poucos entendem e decidem ficar do meu lado, se assustam com meu conhecimento de vida. 

Afinal, eu sei, você sabe: há lugares tão íntimos, tão escuros, tão profundos, que nem o "eu-mais-próprio" tem o hábito de frequentar. Comum é deixar sempre o lado mais ameno, o mais amável, o mais tolerável, o mais pacífico e seguir dando harmonia para as coisas, as pessoas, as situações.


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