terça-feira, 31 de julho de 2012

Quando abri a portinhola do meu apartamento e a vi de relance, meu olho estalou e assim ele ficou. Foi adentrando na salinha e eu via tudo em câmera lenta. Não consegui visualizar o rosto direito, via apenas um sorriso entreaberto misturado com seus longos cabelos. E veio um abraço apertado de surpresa. Eu acostumada apenas com comprimentos superficiais fui pega. Fiquei atônita, atrapalhada. Fui meio Cinderela deixando cair uma luva nas escadas apenas para tocar na sua mão, era quente. Perdi palavras e falei de mais. Fumamos debaixo da fina garoa, cada uma de um lado da calçada. Descemos as escadas do teatro e sentamos na boca de cena. Mesmo separadas por um corpo amigo sentia sua respiração. O espetáculo terminou. As escadas foram subidas cheias de atrapalhos. Tomamos rumos diferentes. E eu passei um final de noite ótimo e tranquilo trocando ideias e sensações com uma das minhas melhores amigas. Entre uma conversa e outra eu dizia: Mas ela é linda né?!?! Só via uma confirmação com a cabeça, como se minha amiga já soubesse onde iria dar tudo isso.


Dias se passaram, eu estava muito tranquila, sem perceber o que se formava em meu interior. E veio mais um encontro. Mais pessoas, mais conversas, mais um abraço apertado. Vê-la saindo de uma porta escura com a cara pintada, cabelo bagunçado e pantufas foi a cena mais linda que eu já havia presenciado. Pessoas, conversas, ideias novas, cigarros, chuva, cafuné, sopa, cigarros, ideias, pessoas, cigarros, vinho, pessoas, livre afeto, cigarros...olhares...e a surpresa, o que era para ser uma simples demostração de afeto resultou em um beijo...um beijo que não acabava mais...um beijo que me fez esquecer qualquer pensamento...fui atacada, pega de surpresa. Eu, eu que sou sempre a fera que ataca, fui atacada....
Seguiram-se beijos intermináveis misturados com carinho e algumas perguntas soltas. A descoberta do meu corpo no meio da dança...Sentada no chão envolvida por braços de carinho...Adormecemos com roupas e um cobertor fino, adormecemos em uma sala fria indiferente ao meu calor. Não fechei o olho a noite toda, me sentia estranha e algo me perturbava. Amanheceu e tive q sair estrategicamente pela janela do ginásio. Olhei para trás e vi alguém que me deixou um pouco confusa.


Os dias se passaram e eu procurei não pensar em nada do que havia acontecido aquela noite. Até vê-la na portinhola do meu apartamento mais uma vez. Linda, com o olho misterioso e seus cabelos negros caindo pelos ombros. Amigos, conversas, cervejas, cigarros, carinhos, e O BEIJO, rua, cigarros, chuva, pessoas, cigarros, banda tocando, carinhos, mordidas, pessoas, queimadas, beijos.

Teu corpo no meu adormeceu no calor da nossa respiração acelerada.


E eu só me dei conta de tudo o que descrevi na manhã que eu acordei e vi você do meu lado dormindo e fazendo careta. Nossos poucos encontros passaram como um filme na minha cabeça. Ainda tento entender o contexto do filme e a sensação que ele me proporciona.

Capricornianas.


 

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