quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Durante o sexo ou no meio de uma briga, às vezes desejamos interromper o fluxo dos fenômenos. Enfiar a cabeça no chão, nos momentos ruins, ou congelar a cena para a eternidade, nos bons. Tentativas sempre frustradas por uma espécie de ansiedade, uma urgência de abocanhar o prazer ou de tentar resolver uma situação dolorida. Ironicamente, mesmo quando tudo o que queremos é apertar pause, colocamos ainda mais força no botão de play.



Em vez de “descer do trem” do sofrimento ou eternizar alguma felicidade, parar o mundo pode ser entendido com outras imagens. Acariciar um leão que deita no chão pela primeira vez. Pousar a dois centímetros das nuvens. Ficar dentro da água e, por alguns segundos, relaxar como se você nunca mais precisasse puxar ou soltar o ar. Em vez de tentar pausar, retardar ou acelerar, jogar fora o controle. Descobrir que a cobra assustadora era apenas uma mangueira. Não ser atingido pelas balas depois de enxergar sua verdadeira substância de nuvem, sonho.

O mundo para naturalmente quando nós paramos.

Claro, parar não é fácil. Além dos tiques corporais como roer a unha ou mover o pé freneticamente (que parecem estar naturalizados em nossa cultura), nossa mente tem mil vezes mais tiques e compulsões sutis. Se continuarmos tão distraídos, a arte de parar o mundo talvez seja esquecida






“Sempre que o diálogo interno pára, o mundo entra em colapso, e facetas extraordinárias de nossos seres emergem, como se tivessem sido mantidas numa guarda severa por nossas palavras. Você é o que é porque diz a si mesmo que é assim.” –Don Juan, em Portas para o Infinito, de Carlos Castaneda.



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