domingo, 7 de dezembro de 2014

Cálculos da velocidade real

Uma garrafa de água em uma mão, um cigarro na outra. O corpo já cansado encostado na parede. Fecha os olhos como se tentasse esquecer do mundo, da música, da noite de ontem. O cheiro, aquele perfume. Aquele que ela nunca esquece. Tem medo de abrir os olhos e ver o que não quer. Sente o cheiro do perfume mais perto.
- Hola Strange.
- Hola.
Ela abre os olhos e sorri, leve. Olha bem dentro daquele olhar ver de um dia a hipnotizou. Sorri. Um abraço, desses bons, de matar saudade.
- Perdiste aquí pequeña?
- Não, tomando um ar, uma água. E você?
- En cuanto a usted.
Sorriso. Conversas. Histórias de um tempo que se passou. Mudou e virou outra coisa.
- Vou entrar.
- No, vienes conmigo.
Ele segura firme na mão dela, puxa pra perto e cola seu olhos dentro dos olhos dela.
- Ven?
Ela respira fundo, suspira o perfume que um dia já fez ela ficar de pernas bambas. E é nesse exato momento que ela pensa, escorre uma lágrima do olho e responde:
- Eu iria, se você tivesse outro nome, outro perfume e olhos castanhos.
- Tu sorriso es mi brilho, recuerdas?
- O meu sorriso já tem dono, mesmo que ele não queira.

Ela sabe que tempo e espaço geram velocidade. Mas ela não sabe em que tempo está, quanto espaço tem e nem a que velocidade anda o dono do seu sorriso. Mesmo assim, seca as lágrimas, solta a mão, recolhe seu calçado no chão e vai, andando devagar. Sorrindo.

E é nesse momento que ela aprendeu a calcular os resultado da formula da vida.
Não se pode voltar no tempo e encontrar o espaço. A velocidade é rápida e não deixa rastros.

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