Quero
te dizer que foi uma pena, eu confiar em você, que foi uma pena eu
acreditar que você seria diferente. Quero te dizer que você precisa
aprender a diferença entre ser livre e ser babaca. Quero te dizer
que desprendi meu tempo e sabedoria pra te fazer rir das minhas
bobagens, pegar as bagagens que você não aprendeu a dizer adeus,
jogar tudo pro alto e te fazer, de uma vez por todas, mesmo que fosse
tão complicado, se sentir livre e seguro. Foi uma pena, porque eu
pensei que poderia acreditar naquele sorriso sério e nas coisas que
você me falava entre uma cerveja, um cigarro e um beijo no rosto.
Foi uma pena porque eu queria sair outras vezes com você e muitas
vezes te levar pra conhecer lugares que você nunca viu, te
apresentar pra cada gente que você não conhecesse, e te agradecer
por acreditar que você era bom comigo. Queria te levar pra longe
daqui, pra uma terra sem lei, pra uma ilha sem rei, entende? Eu
queria te dizer que todo mundo já chorou por ser o que não pode ser
um dia, mas acreditei que você não seria isso. Queria te mostrar
que eu não seria mais um motivo pra complicar teus sentimentos. E
foi uma pena de verdade, porque eu pensava em enganar o porteiro do
aeroporto, roubar a chave da torre e te levar pra ver meu pôr-do-sol.
Porque eu já estava pronta pra sair de madrugada pra te ver, já
estava prestes a perder o sono, a dormir depois das três conversando
com você. Foi uma pena, porque eu joguei fora um vinho que comprei
esperando você vir me buscar pra sair. Cê sumiu.
Foi
uma pena.
Foi
uma pena porque eu planejava acreditar que você fosse homem, e que
tivesse atitudes diferentes do que essa massa que cresce em geração
anêmica de verdades e sinceridades. Esperava que você fosse
conversar comigo e te dizer que você, apesar de tudo, foi uma coisa
boa que aconteceu nesse ano. Foi uma pena, porque eu queria dormir
contigo quando você se sentisse só;
Eu
lamento.
Lamento
porque nunca escrevi nenhum bilhetinho pra você, senão essa. Porque
não nos despedimos direito e até agora, não entendemos o que
aconteceu realmente, quem foi que entendeu mal quem. Lamento porque
não consegui ver você sendo homem com a camisa que eu arrumei pra
você, e porque tive que trocar teu apelido pelo teu nome no meu
celular, já não faz mais sentido, porque eu exclui nossa conversa e
apaguei as suas fotos. Lamento por que eu esperei você ligar. Você
não ligou. Lamento, porque agora você me chamou tarde demais.
Quando eu já nem tinha coragem de olhar pra você, quando eu já nem
tinha vontade de te receber, quando eu já nem tinha paciência pra
ouvir tua voz nem tempo pra te encontrar. Lamento você ter esperado
eu ir embora pra me perceber e por você ainda não ter aceito que
errou.
Mas
agora eu posso te lembrar.
Posso
te falar sobre meu novo começo e como me doeu a frustração de
descobrir seu caráter. Posso te lembrar daquele momento que eu não
consigo esquecer, daquele beijo na testa que você me deu sentado na
praça, quase amanhecendo. Posso te ensinar a seguir um só caminho e
pode ser aquele que eu segui sozinha quando você disse que não
tinha vontade de conversar. Posso te explicar quanto tempo vai durar
pra aceitar, e se isso for te acalmar, uma hora a gente cresce e
aprende a ser gente. Posso te falar um pouco sobre os meus dias
depois daquela despedida por mensagem, te conto, como descobri quem
você realmente é. Posso deixar bem claro pra você as coisas pra
que você não deixe alguém partir por medo de ser uma pessoa
descente porque precisa mostrar aos teus amigos que você é “homem”.
E que realmente aprenda o que é ser uma pessoa de verdade e bacana.
Desejo o adeus que nunca te dei, e tempo pra pensar antes de falar e
fazer coisas que não condizem uma com a outra. Desejo que você
goste de alguém de verdade, e que se não for de verdade, que se
vire com suas mentiras. Mas se não for ninguém, desejo que fique
bem, como fiquei quando você não foi de verdade, e se tornou
ninguém. E que não sofra por alguém. Mas se sofrer, lembra do que
fui pra você e você não foi nada. Mas se não foi nada, lembra que
tive que sorrir quando você foi um completo idiota e infantil na
minha frente. E ri ou chora, mas por favor, cresce.
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